No empreendimento municipal Gonçalo Mendes Maia, em Pedrouços (Maia), a chuva é tanta que entra dentro das casas e até abre buracos no tecto. Os moradores queixam-se que a Câmara nunca fez obras. A Autarquia desmente e culpa os inquilinos.
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Manuel Costa comprou um T2 no empreendimento social Gonçalo Mendes Maia, em Pedrouços (Maia), há quase dez anos. Mas cedo se arrependeu.
"As chaves da casa foram-me entregues em mão pelo então presidente da Câmara, Vieira de Carvalho. Vim logo ver a casa e fiquei espantado. Não tinha puxadores das portas, sanitas nem mobiliário na cozinha. Até faltavam duas portas dos quartos. Lembro-me ainda que o chão estava todo levantado e nem todas as paredes tinham estuque", revela, ao JN.
Por causa dos problemas detectados no apartamento, Manuel Costa diz que esteve sete meses sem pagar a prestação. "Aproveitei esse dinheiro para fazer as obras", refere. Desde então, tal como muitos dos 40 condóminos do empreendimento, custeou várias intervenções na sua casa.
"Nos primeiros dois anos, a Câmara pediu um levantamento dos defeitos que as casas tinham para que fosse accionada a garantia. Mas acabámos nós por custear as obras", denuncia Manuel Costa, garantindo que já é a quarta vez que manda arranjar o tecto e o piso do apartamento.
"A Câmara nunca fez obras. Há cinco anos que anda a prometer arranjar a cobertura mas nada é feito. Apenas fizeram uns furos no tecto para a água escoar melhor", revela.
É que o principal problema do empreendimento prende-se com defeitos na cobertura. "Quando para cá viemos, as telas estavam presas com arames ou coladas", descreve. Será por causa disso que chove literalmente dentro da casa de Manuel Costa e dos seus vizinhos.
"A chuva cai pelos tectos de todo o apartamento. Tenho que mandar a minha mãe e o meu filho para casa de amigos", conta.
Aliás, bem no meio do quarto do filho de Manuel Costa está uma enorme bacia a aparar a água que cai de um buraco, aberto no tecto pela precipitação. "Na placa do telhado, estão uns 10 centímetros de água acumulada", diz.
A situação é de tal ordem que, ainda em Maio, o morador gastou cerca de quatro mil euros a pintar a casa toda. Os tectos já estão cheios de humidade. O pior terá acontecido no início do mês.
"A chuva era tanta naquele fim-de-semana que a água escorria pelas escadas abaixo do prédio", revela. Tanto tempo depois, ainda não parou de cair água e as escadas estão todas molhadas.
Contactado pelo JN, o responsável pela empresa "Espaço Municipal", pertencente à Câmara da Maia, assegura que já foram feitas várias intervenções no empreendimento, designadamente ao nível das coberturas, o que terá ocorrido há quatro anos.
"O morador tem razão em dizer que tem problemas na habitação. Nas imediações existe uma cortina de árvores, donde caem folhas e sementes, que entopem as caleiras. Os moradores deviam limpar as caleiras. Assim, a água sobe e verte para dentro das casas", explica Fialho Almeida.
O responsável nega também que o problema seja recorrente. "Aconteceu a mesma situação há três anos", revela, adiantando que está em curso um "vasto programa de reabilitação dos empreendimentos municipais", que representa um investimento de 12 milhões de euros. "A urbanização em causa vai ter uma intervenção em toda a envolvente", vinca.