Associação de Alfândega da Fé quer atrair 150 habitantes numa década.
Corpo do artigo
Até à próxima terça-feira 40 pessoas mergulharam numa experiência que lhes permite sentir como seria viver numa aldeia com cerca de uma centena de habitantes, no interior profundo, como é o caso de Vilares da Vilariça, no concelho de Alfândega da Fé, onde está a ser implementado um projeto inovador para atrair entre 120 a 150 habitantes numa década.
Todos se deslocaram de cidades do litoral para participar nas Jornadas Imersivas da Sustentabilidade, a primeira iniciativa de um projeto mais global de atração de gente para territórios periféricos dinamizado pela Inteligência Local - Associação para a Regeneração, Desenvolvimento, e Governanças das Economias Locais que quer redirecionar "os movimentos migratórios" para os territórios do interior.
A proposta é "difícil de concretizar", assumiu este sábado ao JN Filipe Jeremias, um dos responsáveis da associação, que aponta um "horizonte até 2030" para "apresentar algumas mudanças e mais gente a viver na aldeia". As jornadas são o primeiro passo "para mudar qualquer coisa", salientou, pois transformaram Vilares da Vilariça num laboratório, onde se experimenta como é viver numa aldeia de maneira sustentável e com os recursos que disponíveis.
Aproveitando a água, a energia, a bioconservação, alimentação e a economia social, tiram partido dos recursos existentes e aprendem fazendo queijo com leite de ovelha, montando um sistema de aquaponia, para produção de alimentos em casa, ou um biodigestor para processar matéria orgânica, uma central de biogás, construindo um muro em pedra ou reciclando materiais. "Estas pessoas vieram para meter as mãos na massa", disse Filipe Jeremias, natural da zona do Porto, mas com raízes familiares em Vilares da Vilariça, salientando que a partir destas experiências "podem criar-se negócios locais" e que a associação "não anda a vender sonhos", acrescentou.
Jéssica Andrade, estudante de arquitetura da Guarda, deslocou-se para "reviver as férias da infância em casa dos avós", mas acredita que "se os citadinos se apaixonarem pela vida no campo, podem acabar por mudar-se". No ano e meio de vida do projeto ainda ninguém se mudou para a aldeia, mas "muitos andam em busca de inspiração", vincou Filipe.