Cinco pessoas foram detidas pela PSP, ontem, no contexto de uma manifestação de apoio à Palestina que decorreu na Baixa de Coimbra. São quatro mulheres e um homem, com idades entre 19 e 31 anos. Estão indiciadas pela prática do crime de resistência e coação sobre funcionário.
Corpo do artigo
Em comunicado, a Polícia de Segurança Pública de Coimbra explica que manifestação de ontem, na Praça 8 de Maio, "não foi comunicada" ao presidente da Câmara Municipal, com antecedência de dois dias, conforme a lei. Apesar do "incumprimento legal", a PSP "promoveu as condições necessárias" para que decorresse em segurança.
Apesar de apenas prever o exercício do direito à manifestação na Praça 8 de Maio, conta a PSP, "a determinado momento, os cerca de 300 manifestantes, instigados por alguns, desfilaram, em conjunto, em direção à Ponte de Santa Clara" e, contrariamente às indicações, "ocuparam todas as faixas de rodagem, impedindo totalmente a circulação automóvel".
Segundo o comunicado, os polícias "efetuaram múltiplas insistências para a abertura da via", mantendo-se o corte por "cerca de uma hora".
As indicações, segundo a PSP, foram "acatadas, voluntariamente, pela maioria dos manifestantes", no entanto, "um pequeno grupo decidiu manter-se no local, incitando à desobediência e resistência coletivas".
"Depois de esgotadas todas as formas de diálogo para resolver a situação, foi necessário usar da força estritamente necessária para retirar estas pessoas das faixas de rodagem, com o objetivo de restabelecer a circulação automóvel, particularmente das viaturas de emergência", lê-se.
A PSP dá conta que "diversos indivíduos optaram por injuriar e cuspir nos polícias", levando à detenção de cinco pessoas "por resistência, coação, agressão e injúrias a agentes policiais". Um agente ficou ferido, tendo recebido tratamento hospitalar.
Concluídas as diligências processuais, os detidos foram notificados para comparência em Tribunal, em data posterior, tendo sido libertados.
A PSP acrescenta que "dois dos suspeitos já haviam sido detidos anteriormente, pelos mesmos motivos".
"Completamente desnecessária a repressão"
Ao JN, Grace Dias, uma das manifestantes, relata que decidiram "por votação e unanimidade, praticamente," caminhar até à Ponte de Santa Clara, "como uma forma de exigir e chamar a atenção do Governo, apelando para que rompa com qualquer tipo de relação comercial com Israel" e para que "aja de forma mais incisiva" na defesa dos portugueses que estão presos e que estavam na flotilha humanitária.
"É isso que a gente quer exigir do Governo e foi esse o nosso objetivo ao bloquearmos a via por alguns minutos", sustenta.
Já na ponte, a estudante diz que lhes foi dito para saírem. "Só que, quando diminuiu o número de pessoas, eles começaram a dizer para nós sairmos, mas, não passou nem mesmo um minuto, começaram a agredir as pessoas, a arrastá-las, com spray de pimenta, com chutos, com cassetetes. As pessoas tentaram manter-se sentadas, agarraram-se uns nos outros e mesmo assim eles continuaram a agredir de forma completamente desproporcional, desnecessária."
"Nós estávamos ali pacificamente. Foi completamente desnecessária a repressão quando nós estávamos apenas a lutar pelos direitos humanos de pessoas como nós, que é o povo palestino, e também dos camaradas portugueses que estavam na flotilha", acrescenta Grace Dias, que faz parte também da organização Vigília por Gaza - Coimbra.