Começa esta sexta-feira, em Coimbra, o Circuito das Beiras, uma reedição da primeira prova automobilística por etapas realizada em Portugal, em 1903. Vai ligar a Castelo Branco, com passagem pela Guarda, e as viaturas vão estar hoje em exposição, na Praça da República.
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Serão cerca de 400 quilómetros de um passeio turístico de automóveis clássicos, aberto a carros pré e pós-guerra até 1978 e onde se destacam Tiago Gouveia, em Darracq de 1902, representando o Museu do Caramulo, Luís Mata Perez, num Berliet de 1926, participando pelo Museu de Historia de la Automotion de Salamanca, Márcio Fernandinho, do Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco, com um Graham-Page 1929 e, ainda, Pedro Vilas Boas, num MG J2 de 1932, Manuel Simões, em Adler, de 1936, Luís Lavin em Ford A de 1930, António Ribeiro, em Wolsley, de 1937 e António Dionísio, em Hotchkiss "La Baule" de 1931.
Entre as viaturas mais recentes realce para um MGA de 1959, de Isabel Tinoco, um Peugeot 403, de 1960, de Joaquim Costa Gomes e para o Jaguar E-Type de 1967 de Francisco Belo.
As viaturas estão em exposição na Praça da República, em Coimbra, de onde sairão, amanhã, a partir das 8.45 horas, com destino a Castelo Branco. Dali rumam, este sábado, até à Guarda, etapa final do passeio e cidade sede do Clube Escape Livre, organizador da prova.
Rally Paper
O Circuito das Beiras by Bridgestone/First Stop , vai contar com diversas atividades que tentam recriar a primeira prova automobilística disputada por etapas em Portugal. Elemento central será o "Rally Paper" onde todos os participantes vão ter de usar as suas capacidades de observação nos locais por onde passa a caravana e conhecimentos sobre o Circuito das Beiras e o Clube Escape Livre.
Castelo Branco e Guarda vão acolher exibições de perícia com o destaque a ser a partida tipo Le Mans em pleno centro da cidade da Guarda. Coimbra, que será o ponto de partida e chegada deste Circuito das Beiras, receberá uma prova de Arranque no último dia.
O passeio é apoiado pelas câmaras municipais de Coimbra, Castelo Branco e Guarda, o patrocínio da Bridgestone/First Stop e da Litocar e as parcerias com o Museu do Caramulo, Museo de Historia de la Automocion de Salamanca, Clube de Automóveis Antigos de Castelo Branco e Automóvel Clube de Coimbra.
Como patrocinadores do evento, Nádia Duarte, coordenadora de marketing da Bridgestone, e Mário Mendes, responsável da First Stop salientaram "fazendo jus à também longa parceria com o Clube Escape Livre era inevitável a nossa presença neste emblemático evento para a história automóvel portuguesa".
Além destas atividades, o evento irá atribuir o Troféu Junta de Freguesia do Casteleiro ao carro que for considerado o mais bonito pelos participantes. Troféus, ainda, para o carro mais antigo, para o que tenha vindo de mais longe e para a equipa mais bem-trajada com vestimenta da época do seu veículo.
À chegada à Guarda todos os carros vão desfilar pelo centro da cidade e todos os que, na região, tiverem carros clássicos até 1978 podem juntar-se ao desfile, bastando para isso contactar o Clube Escape Livre, recebendo uma t-shirt alusiva ao evento.
O Circuito das Beiras vai contar ainda, 120 anos depois, com um piloto de Coimbra como embaixador do evento. Campeão do Mundo de Endurance e vencedor das 24 Horas de Le Mans, ambos na classe LMP2, Filipe Albuquerque é um dos maiores nomes do desporto automóvel nacional e internacional e empresta o seu nome a um evento que marca este ano de 2023.
Sem perdão
O organizador do primeiro Circuito das Beiras, José Caetano de Tavares de Melo Costa Lobo, nasceu no Sabugal, e herdou do pai, que foi o sétimo português a importar um carro, a paixão pelo automóvel.
Uma desclassificação na prova Figueira da Foz-Lisboa levou-o a sentir-se enxovalhado. Nunca esqueceu a desclassificação e nem perdoou os seus pares pelo sucedido. Tornou-se organizador de provas menores com o fixo intuito de criar uma clássica que fizesse sombra ao Figueira da Foz - Lisboa.
Foi assim que nasceu o Circuito das Beiras, primeira prova por etapas em Portugal ligando Coimbra a Castelo Branco, Castelo Branco à Guarda e da Guarda até Coimbra, qualquer coisa como 440 quilómetros. Ganhou o Darracq de Tavares de Melo.