Monumento ex-libris do Porto está a celebrar uma década da reabertura ao público após obras de requalificação e atribuiu simbolicamente ao presidente da Câmara, Rui Moreira, a distinção de visitante número oito milhões. Irmandade dos Clérigos converte parte das receitas de bilheteira em donativos para instituições.
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Talvez nunca tenha passado pela cabeça de Nasoni que a Torre dos Clérigos traçada pelo seu génio pudesse vir a ter uma "parede dos milhões", mas o mural foi criado após as obras de renovação do monumento, em 2014, e o nome do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, está lá afixado desde ontem, como o visitante número oito milhões.
Simbólico, o gesto "é um toque de gratidão pelo trabalho que fez" o autarca, que "está no último mandato" mas vai continuar a ser esperado nos Clérigos para "outras visitas, seja qual for a função, que pode ser de comissário europeu e, até, de presidente da República", tentava adivinhar, em jeito de brincadeira, o padre Manuel Fernando, que preside à Irmandade dos Clérigos e fez questão de "entregar o bilhete oito milhões" ao independente que conquistou a autarquia pela primeira vez em 2013.
Sublinhando que a reabilitação do monumento nacional de linhas barrocas que é "um dos maiores símbolos da cidade" foi "um projeto muito audaz" e "um ato de coragem", Rui Moreira lembrou que "a afluência de visitantes cresceu exponencialmente após o restauro", há 10 anos.
"Antes da requalificação, a Torre dos Clérigos recebia cerca de 100 mil visitantes por ano. Depois de 2014, o registo médio anual passou a ser de 1,3 milhões de visitantes por ano", precisou o autarca, que elogiou a "virtuosa estratégia de divulgação, promoção e valorização" levada a cabo pela Irmandade, que opera ainda o milagre de transformar parte das receitas anuais de cerca de 1,5 milhões de euros - dados do padre Manuel Fernando - em apoios sociais. "Este é o contributo que o turismo deixa", disse Moreira, vincando que o monumento, que "já foi torre sinaleira, telégrafo e marco de orientação naval", entre outras funções, "representa os valores humanistas e o espírito solidário".
Bilheteira deu 600 mil euros para ação social
Parte das receitas de bilheteira dos Clérigos é convertida em apoios sociais, num valor médio anual de cerca de meio milhão de euros. No ano passado, essa verba ascendeu a "perto de 600 mil euros", revelou o padre Manuel Fernando. Além de projetos de solidariedade, com apoios a instituições, as receitas das visitas são ainda canalizadas para bolsas de estudo.