O Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) denunciou, esta sexta-feira, a existência de um "clima de medo e de insegurança" nos Bombeiros de Vila Verde, enumerando "problemas operacionais que afetam gravemente" a corporação e "colocam em causa" o socorro. A direção nega as acusações e diz "desconhecer" os problemas enumerados pelo sindicato.
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Em comunicado, o sindicato refere que o "clima" é gerado por "constantes perseguições e ameaças por parte da Direção". Os trabalhadores "são frequentemente pressionados com ameaças de despedimento se não cumprirem os turnos no serviço pré-hospitalar".
Além da "coação e perseguição aos trabalhadores", as denúncias do SNBP, divulgadas no seguimento de uma reunião com os associados de Vila Verde, incluem "a discriminação" de uma bombeira, que foi mãe recentemente, e o estado "completamente obsoleto" dos equipamentos de proteção individual utilizados pelos operacionais.
O sindicato alude também à "falta de efetivos para assegurar o devido socorro à população", tendo em conta que "existem apenas 30 assalariados e cerca de 60 voluntários" nos Bombeiros de Vila Verde. Segundo o SNBP, "a falta de operacionalidade coloca em causa o socorro à população de Vila Verde, assim como a todo o distrito de Braga", uma vez que "obriga" a que sejam corporações de outros concelhos a responder às ocorrências. "Diariamente, os Bombeiros Voluntários e Sapadores de Braga realizam entre dois e três serviços de emergência pré-hospitalar para Vila Verde", sublinha o sindicato.
Quartel sem condições
No comunicado, o sindicato critica ainda as "condições extremamente precárias e degradantes" do quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, "ao ponto de não estarem reunidas, nem garantidas, as devidas condições de higiene, segurança e bem-estar para os bombeiros". "Para agravar a situação, têm surgido vários problemas com ratos e ratazanas nas instalações do quartel".
Posição pública
Contactado pelo JN, o presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, Paulo Rocha, garante que "não há qualquer clima de medo instalado" e diz "desconhecer" os problemas enumerados pelo sindicato. Afirma ainda que o SNBP "nunca questionou nem contactou a Direção". Paulo Rocha adianta que será realizada uma reunião entre o elenco diretivo e o Comando para "tomar uma posição pública" sobre o assunto e "repor a verdade", defendendo o "bom nome" da instituição.
Incêndio só com um bombeiro
O Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais refere, "a título de exemplo", que para responder a um incêndio que deflagrou num carro, na madrugada do dia 16 de abril, na Vila de Prado, os Bombeiros de Vila Verde mobilizaram um veículo "com apenas um bombeiro". "Como é que um bombeiro consegue intervir sozinho num incêndio? Regra geral, as equipas do veículo urbano de combate a incêndios são constituídas por seis elementos", refere o sindicato, lembrando que em "determinadas situações", devido a "falta de efetivos", "poderão ter o mínimo de cinco operacionais". A ocorrência em causa obrigou a ativar também os Sapadores de Braga, que deslocaram para o local uma viatura para combater o incêndio e duas ambulâncias.