Noel Ferreira, piloto da Força Aérea e Comandante dos Bombeiros de Cete, é a vítima mortal da queda de um helicóptero de combate a incêndios, esta quinta-feira à tarde, em Valongo.
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Aos 17 anos, Noel Ferreira alistou-se na Academia da Força Aérea. Ainda projetou ser piloto de caças, mas acabou apaixonado pela busca e salvamento, tendo comandado centenas de operações.
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Recorde o perfil de Noel Ferreira, publicado pelo Jornal de Notícias a 8 de julho de 2019, quando assumiu a liderança da corporação de Cete, Paredes.
Comandante a dobrar
Enquanto a maioria dos colegas sonhavam ser jogadores de futebol ou bombeiros, Noel Ferreira sempre teve um sonho diferente. "Desde que me lembro que o meu objetivo de vida, e era o que diziam as composições da escola, era ser piloto, apesar de não ter nenhum militar ou piloto civil na família. Pode ter sido de ver o "Top Gun"", brinca.
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Mas até chegar lá, não houve quase nenhuma atividade em que Noel, natural de Cete, Paredes, não se tivesse envolvido. Foi karateca, integrou os escuteiros, jogou voleibol, fez ginástica acrobática, praticou BTT e fez canoagem.
Aos 17 anos, sem nunca ter entrado num avião, conseguiu convencer os pais e alistou-se na Academia da Força Aérea. Ainda projetou ser piloto de caças, mas acabou apaixonado pela busca e salvamento. Tem hoje 35 anos, é capitão-piloto-comandante e já comandou centenas de operações.
Há uma que não esquece: "Estávamos a operar nos Açores e fomos buscar um pescador que tinha feito uma amputação parcial de um pé. Estava uma tempestade descomunal com ondas de 14 metros, ventos de 100 quilómetros hora, muita chuva e pouca visibilidade. Houve um milésimo de segundo em que considerei desistir da operação. Foi a única vez que pensei desistir".
Ainda antes de ingressar na Força Aérea tinha sido socorrista e bombeiro nos Voluntários de Cete, entre 2001 e 2005. Quando a corporação atravessava uma fase difícil disse presente e veio ajudar e quando lhe pediram para ficar como comandante aceitou. Hoje, comanda muitos amigos de escola e outros que o viram crescer. "Nunca tive esta ambição, mas é um privilégio liderar estas pessoas", garante. O tempo, que não é muito, é agora dividido entre o emprego de sonho, a família e os bombeiros.