Coimbra: Correr com o "melão" na mão para fintar o estigma de viver no bairro
Um molho de jovens vestidos de verde junta-se no meio do campo cimentado na falda do Bairro da Rosa, em Coimbra. Junto das roulotes, há gente reunida em volta de uma fogueira. É terça-feira e passa pouco das 19.15 quando o chilreio corta o frio da noite no Planalto do Ingote: "Um, dois três, trampolim com râguebi."
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Termina o treino e as crianças e jovens regressam às casas nas cercanias. É assim às terças-feiras há quase 10 anos, desde que o Núcleo de Rugby da Associação de Estudantes da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), do Instituto Politécnico de Coimbra, se juntou ao Projeto Trampolim para criar o programa "Rugby de Bairro". O pontapé de saída foi dado em 2015.
"É uma forma de dar oportunidades iguais às crianças e trabalhar a integração e a inclusão social", diz João Alberty, diretor técnico desportivo do "Rugby de Bairro". Sorriso fácil, cabedal de jogador, patilhas fartas que lhe dão um ar de bom gigante, descobriu a modalidade quando ingressou na ESAC, em 1991. Um ano depois fez parte do grupo que tirou a "Rugby Agrária de Coimbra" da gaveta do esquecimento onde tinha caído em 1975. O clube, cujo nome vai ao original britânico deste desporto, além da vertente desportiva competitiva dedica-se a levar a modalidade às crianças do Bairro da Rosa.