ULS espera lançar, este ano, o concurso para a construção do equipamento. Subida de residentes e constrangimentos noutros serviços do SNS fazem aumentar nascimentos.
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A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, que é a instituição nacional com o maior número de nascimentos do país, registou um crescimento de quase 10% no número de partos no primeiro semestre deste ano face a 2023. Entre janeiro e junho, foram realizados 2411 partos, mais 213 do que em igual período do ano transato. A expectativa do hospital público é de superar o registo de 2023 (4851 partos e 4953 bebés) e ultrapassar a meta dos cinco mil nascimentos em 2024, o que torna premente a construção de uma nova maternidade, reivindicada pela região há quase uma década.
O projeto vive de anúncio em anúncio desde, pelo menos, 2016 e a última garantia foi dada pelo ex-ministro da Saúde Manuel Pizarro, que apontou o lançamento do concurso público para a concretização daquele equipamento para o primeiro trimestre deste ano, o que não sucedeu. Em julho, a ULS de Coimbra lançou um procedimento para rever o projeto de execução, elaborado pelo gabinete de arquitetura Pinearq, de modo a garantir a viabilidade da empreitada e que não haja mais obstáculos ao avanço da obra.
"A nossa expectativa é de até ao final do ano ultrapassar os 5250 partos e os 5400 recém-nascidos. Sendo a unidade de fim de linha de cuidados obstétricos da Região Centro, recebemos muitas grávidas fora da nossa área de influência por motivos clínicos, mas também por confiança nas nossas equipas", especifica, ao JN, Alexandre Lourenço. O presidente do Conselho de Administração da ULS de Coimbra explica que esse crescimento se deve a um "aumento da população residente na área de influência direta" daquela unidade (que ronda as 400 mil pessoas), mas também "aos constrangimentos de outros serviços obstétricos" por falta de especialistas, como sucede, por estes dias, na ULS de Leiria, com os serviços de Coimbra a darem resposta a partos de urgência e programados da unidade.
"Estes dados colocam maior ênfase na necessidade imperativa em termos uma nova maternidade para a Região Centro com a maior brevidade possível. As condições físicas atuais não são adequadas. Depois de uma década de estudos e indefinições, estamos empenhados em lançar o concurso de empreitada nos próximos seis meses", acredita o gestor. A ULS tem duas maternidades: a Daniel de Matos e a Bissaya Barreto. O projeto prevê a construção de um novo edifício, que substituirá as maternidades atuais, no Polo HUC (Hospitais Universitários de Coimbra) num terreno situado junto ao Centro de Cirurgia Cardiotorácica.
Seis mil em telemedicina
Entre janeiro e junho deste ano, houve também um reforço do número de consultas (quase 511 mil consultas, mais 8239 do que no primeiro semestre de 2023) e da telemedicina. A avaliação à distância por telefone ou por videochamada registou um incremento de 11,8%, num total de 6198 consultas. E este é um caminho que Alexandre Lourenço pretende aprofundar.
"Desde o mês de julho, está em funcionamento a unidade central de monitorização remota com duas valências: telesseguimento e monitorização de dispositivos de recolha de sinais vitais", que dá apoio ao programa de acompanhamento permanente dos doentes crónicos, nomeadamente na área da diabetes, insuficiência cardíaca e nas doenças respiratórias. É uma das medidas para reduzir o número de atendimentos nos três polos de serviço de urgência de adultos da ULS de Coimbra: a urgência polivalente nos HUC, a urgência no Hospital Geral e a urgência básica em Arganil.
Nos primeiros seis meses do ano, a afluência manteve-se inalterada face a 2023, com um total de 134 653 doentes assistidos na urgência, dos quais 36 220 foram crianças. No entanto, Alexandre Lourenço espera uma "redução significativa" no final deste ano e em 2025 "como consequência de várias medidas em curso", nomeadamente a expansão do hospital de dia de oncologia (que dá resposta programada à doença oncológica aguda), da unidade de feridas complexas e da hospitalização domiciliária e a implementação de um serviço de atendimento complementar no concelho de Coimbra, que, neste momento, não existe.
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Mães estrangeiras
A Unidade Local de Saúde de Coimbra tem notado um crescimento no número de parturientes de nacionalidade estrangeira, mas não tem dados estatísticos nem estudos sobre este fenómeno. A vontade de Alexandre Lourenço é avançar com essa análise, "com o objetivo de adequar os serviços a populações com necessidades distintas".
Taxa de ocupação
No primeiro semestre deste ano, a taxa de ocupação do internamento da ULS de Coimbra foi de 82%, com uma demora média de oito dias. A lotação foi de 1526 camas.