Pedro Ferreira diz-se perseguido por nova direção e denuncia ter que devolver equipamentos novos que a autarquia subsidiou.
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O comandante dos bombeiros do Montijo foi despedido por "promover situações de conflitualidade" com a direção, eleita em dezembro, e o Equipamento Individual de Proteção (EIP) que encomendou em novembro e que já chegou ao quartel tem que ser devolvido. "A 12 de abril recebi a carta de despedimento na qual foi alegada que sou conflituoso, mas esta direção nunca quis reunir comigo, apenas quer ver-se livre de tudo o que tem que ver com a anterior", lamenta ao JN, Pedro Ferreira. A demissão tem efeitos a partir de 13 de maio.
O comandante queixa-se que os equipamentos encomendados pela anterior direção têm que ser devolvidos "porque não foi esta direção a encomendá-los". "Temos cinco EIP a estrear que não podem ser usados porque a direção não quer, alega que não tem dinheiro para pagar, o que é falso porque a autarquia já pagou", diz Pedro Ferreira. "Há 16 bombeiros sem EIP e outros trabalham no socorro com equipamento de combate a incêndios florestais, o que é lamentável", adianta.
Pedro Ferreira tomou posse em maio do ano passado. Logo fez um inventário das necessidades no quartel e levou a anterior direção a pedir 28 mil euros à autarquia para novos fardamentos, entre as quais 10 EIP.
Quando recebeu a carta de demissão, o comandante elaborou, com outros três elementos de comando, uma carta que chegou ao município a dar conta de toda situação.
Autarquia pede diálogo
Ao JN, Nuno Canta, presidente da autarquia, diz-se perplexo com o relatado e pede "razoabilidade, entendimento e lucidez para resolver problemas e para que não seja posta em causa o socorro à população". Questionado sobre a devolução do equipamento encomendado com verbas municipais, diz que não faz sentido, já que "tem o nome de bombeiros voluntários do Montijo e foi encomendando por ser necessário". "Esta verba tem que ser gasta no prazo de um ano e esperamos que seja assim".
Pedro Ferreira garante que vai continuar a exercer as funções de comando, mesmo sendo demitido. "Só a proteção civil me pode exonerar do cargo em processo disciplinar", afirma.
O JN contactou a direção dos bombeiros do Montijo, mas não obteve resposta.