A Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG) fez um inquérito, porta a porta, junto dos comerciantes afetados pelo anunciado fecho das ruas do centro ao trânsito e, dos 187 estabelecimentos contactados, 177 estão contra a medida.
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O presidente da Câmara, Domingos Bragança, na última reunião do executivo, reiterou a intenção de "limitar" a circulação automóvel na zona central da cidade.
Depois de Domingos Bragança ter avançado que, no final de 2023, queria ver cumprida a intenção, já várias vezes anunciada, de fechar as ruas do centro ao trânsito, a ACTG promoveu um inquérito junto dos comerciantes potencialmente afetados por esta medida.
A presidente da associação que representa os lojistas, Cristina Faria, foi à reunião de Câmara explicar as razões da rejeição maioritária da proposta. No entender da ACTG, o corte do trânsito deve depender da criação de estacionamento de proximidade em quantidade que sirva as pessoas que querem fazer compras no comércio de rua.
O parque de Camões tem 439 lugares, mais de 220 são avenças. A partir das 10 horas, raramente se arranja estacionamento
"O parque de Camões tem 439 lugares, mais de 220 são avenças. A partir das 10 horas, raramente se arranja um lugar", aponta. Cristina Faria fala em "reduções de 50 a 60 %das vendas, neste momento" e teme o avanço para obras, "que vão afetar os negócios, numa altura em que se prevê uma recessão".
O presidente da Câmara, contudo, vê no encerramento das ruas centrais ao trânsito, um benefício. "As políticas públicas são para dinamizar o comércio", diz.
"Todas as cidades que condicionaram a circulação automóvel nas ruas principais ganharam vida, em comunidade, no comércio e nos serviços", justifica.
De acordo com o autarca, a Divisão do Centro Histórico está a trabalhar numa intervenção minimalista na zona que vai da Alameda de São Dâmaso, passa pelo Toural e se prolonga pela Rua de Santo António, para colocar as ruas à cota dos passeios.
Rua de Santo António pode vir a ser coberta
O objetivo é criar a "perceção de que é dada prioridade ao peão". No caso particular da Rua de Santo António, o presidente recuperou a ideia de cobrir esta artéria, para ter "o melhor de dois mundos, o conforto de uma zona coberta, estando na rua".
A vontade de "contrariar a tendência crescente de utilização do automóvel", já estava inscrita no programa com que o PS se apresentou ao eleitorado em 2017, mas mesmo antes, em 2015, Domingos Bragança apontava o caso de Pontevedra, elogiando a limitação do trânsito no centro da cidade galega. O objetivo passa, diz, "por criar alternativas viáveis baseadas nos modos suaves - pedonalização e bicicletas".
Nas ruas do centro histórico de Guimarães, classificado como Património da Humanidade, a circulação já é limitada para não residentes, em certos horários, desde 2015. A zona a que a Câmara pretende, agora, alargar as limitações compreende as vias adjacentes ao casco velho, onde se encontra a maior parte do comércio.