Após dois anos de interregno devido à pandemia, o regresso do Senhor de Matosinhos às ruas da cidade é visto com bons olhos pelos comerciantes. A expectativa é que a romaria traga um novo fôlego aos negócios. Até porque os dias de festejo costumam ser sinónimo de azáfama para quem tem porta aberta.
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A festa, que nos últimos dois anos se realizou online, inicia-se a 20 de maio. O fogo de artifício, um dos pontos altos, acontece a 4 de junho. A procissão realiza-se a 6 de junho, a partir das 16 horas.
"Os dias do Senhor de Matosinhos trazem mais gente [à cidade] e a romaria melhora o negócio. Vende-se muito mais. É uma mais-valia para nós", afirmou ao JN Paulino Barbosa, sócio-gerente da Churrasqueira Portuguesa D. Henrique, aberta junto ao edifício da Câmara de Matosinhos há quase duas décadas.
No negócio, a notícia da retoma da romaria presencialmente foi "vista com muito agrado". A festa costuma agitar o negócio por trazer "gente de toda a parte do país". "Foram dois anos parados. É um renascer, um novo começo, uma alegria enorme", afirmou Paulino.
Em anos anteriores, no pré-pandemia, Paulino Barbosa reforçava a equipa em Matosinhos com funcionários vindos de outras casas do grupo. As vendas costumavam aumentar cerca de 50%. Nesses dias, vende-se um pouco de tudo. Sai o churrasco, que é a especialidade da casa, mas também o bacalhau e a sardinha assada. Paulino Barbosa mostra-se confiante. "As pessoas estão ansiosas por isto [pelo Senhor de Matosinhos]", considerou.
Ao lado, na Confeitaria Duquesa, as expectativas são semelhantes. "Esperamos que seja um sucesso. Estamos felizes e satisfeitos por as festas voltarem. Não só foi prejudicial para o negócio, como para o convívio com as pessoas e os comerciantes da festa que vêm cá", disse Sílvia Cunha, empregada de balcão, confiando que este seja um "Senhor de Matosinhos maravilhoso" para o negócio.
Antes da pandemia, a romaria enchia a casa. "Trabalhávamos sempre. A noite do fogo-de-artifício era até às 3 ou 4 da manhã. Foram anos sempre muito bons", recordou Sílvia Cunha.
No restaurante de Susana Silva, o Sabor no Ponto, a romaria obriga a trabalho antecipado, sobretudo na preparação de mais refeições. "O Senhor de Matosinhos costumava trazer mais gente [ao negócio], principalmente ao fim de semana. Os lojistas das barraquinhas, como estavam pertinho e já nos conhecem, vinham sempre aqui almoçar", recordou.
Na Padaria Veiga, a notícia da retoma presencial do Senhor de Matosinhos "foi uma alegria autêntica". "Isto está muito parado. É um chamariz muito grande para Matosinhos", destacou Raquel Rodrigues, responsável de loja.
Da romaria, enquanto matosinhense, Raquel Rodrigues sente saudades de comer o típico pão com chouriço. Os clientes, garante, também "estão ansiosos pelo regresso do Senhor de Matosinhos". "Foram dois anos de silêncio. Faz-nos falta o barulho", confirmou uma cliente, que mora no centro da cidade.