Lojistas dizem que artéria da Baixa do Porto foi tapada sem aviso. Queixam-se de prejuízos avultados e admitem recorrer ao tribunal.
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Na Rua do Almada, na Baixa do Porto, o sentimento é de revolta por causa das obras de construção da futura Estação de S. Bento/Liberdade da nova linha Rosa do metro. Ontem, a ligação daquela artéria aos Clérigos foi tapada sem aviso prévio, segundo os comerciantes, que falam em prejuízos, em falta de diálogo e de desrespeito por parte da empresa que "não quer pagar indemnizações". Um dos empresários ameaça mesmo recorrer aos tribunais.
O JN contactou a Câmara, que remeteu o assunto para a Metro. A empresa diz que os comerciantes foram avisados através de várias sessões de esclarecimento.
"Se até ao final da tarde a Metro do Porto não nos der uma explicação nem apresentar uma solução para esta grave situação, vamos apresentar uma providência cautelar e exigir por via judicial uma indemnização", refere Joana Barros, proprietária da confeitaria Ateneia, na Praça da Liberdade, cujo passeio termina agora num tapume de obra. A proprietária diz que os prejuízos, desde que a obra começou, são avultados e a solução será "enviar os 12 funcionários para lay-off e recorrer à Justiça".
A sala de chá está completamente vazia de clientes. "Para mim, o mais chocante é a falta de diálogo com os comerciantes. Sabemos das coisas pelos engenheiros da obra e não através da Câmara ou da Metro. É vergonhoso a forma como estão a tratar uma casa comercial com mais de 90 anos", acrescenta Joana Barros.
"tenho de dar Grande volta"
Nas traseiras, em plena Rua do Almada, os ânimos estão exaltados com os moradores a contestar o corte no acesso à Rua dos Clérigos. Apesar das barreiras colocadas na Rua da Fábrica, os turistas circulam, mas dão de caras com o tapume. "Trabalho na Ribeira e tenho agora de dar uma grande volta pela Rua de Cândido dos Reis para vir para casa. Isto não se faz!", grita, revoltada, Laura Pinto. O barulho começou logo pela manhã, quando Cristina Moreira chamou a Polícia porque não conseguia entra no quiosque onde trabalha com entrada pela Rua dos Clérigos. "A empresa anda em conversações com os proprietários mas não chegam a um acordo quanto a indemnizações", explica a funcionária.
Versão partilhada por Joana Barros, que critica o facto da Metro ter "contratado uma empresa de consultadoria que até agora fez zero quanto a indemnizações". À porta da centenária Arcádia, Florência Silva olha para a rua sem movimento e Adriana Fontelas, com loja no Almada 13, diz que a situação criada "é péssima para o negócio".