O Mercado da Póvoa de Varzim reabriu, ontem, depois do incêndio que, no domingo, danificou o terceiro piso. Mas 15 dos 38 vendedores não tiveram direito a banca. A Câmara diz que não tem espaço. Os comerciantes apontam espaços vazios e falam em discriminação.
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“Temos contas para pagar e temos que comer. A gente só quer um espaço para vender”, gritava, ao início da tarde, Lúcia Vale. A confusão, que começou logo de manhã, continuava: os 15 comerciantes de roupa e calçado do terceiro piso não tiveram direito a banca no primeira piso.
A Câmara argumenta com falta de espaço, já que o terceiro piso está inutilizado, mas os vendedores mostraram ao JN as várias bancas e lojas vazias e falam em má vontade de quem “realojou uns e os outros não”. “Vendia calçado e roupa. Fiquei sem nada. Disseram-me para ir para casa e esperar, mas as contas aparecem para pagar e como é? Sou eu e o meu marido a viver disto”. A revolta de Jacinta Vale espalha a indignação de todos.
Ao lado, o marido, Vítor Roldão, foi um dos que, o início da tarde, resolveu, simbolicamente, ocupar umas bancas vazias no primeiro piso. O responsável pelo mercado chamou a Polícia Municipal e os ânimos alteraram-se, mas, no final, a Câmara prometeu estudar o caso e pediu uma semana. Os comerciantes acederam “esperar mais um pouco”, mas exigem resposta rápida.
“Vêm aí os santos populares e há dinheiro para tudo e para ajudar quem ficou sem nada nem um cêntimo”, diz João Nunes. Vendia sapatos no mercado há 28 anos. O incêndio não o afectou, mas o piso todo está vedado e agora também ele tem que ir para casa.
“Disseram-nos para tirarmos uma semana de férias e quem nos paga?”, diz, com as lágrimas nos olhos, Amélia Santos, que perdeu milhares de euros em roupa no incêndio