Crianças e adolescentes de 205 escolas, de todo o país, participam nas das Competições de Ciência, iniciativa que termina esta sexta-feira na Universidade de Aveiro. O objetivo deste evento, que se realiza há 36 anos, é incentivar ao estudo, de uma forma lúdica.
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“Esta é uma competição divertida. Faz-nos levar a matemática para um lado mais engraçado, quando nós muitas vezes a vemos como aborrecida”. João Maricato, de 14 anos, frequenta o 9º ano do Agrupamento de Escolas Dr. Carlos Pinto Ferreira, em Vila do Conde. É um dos cerca de 13 mil alunos que, entre terça-feira e amanhã, participam nas Competições Nacionais de Ciência, na Universidade de Aveiro (UA), uma iniciativa que reúne crianças e adolescentes, do terceiro ao 12º ano de escolaridade. Este ano, inscreveram-se 205 estabelecimentos de ensino, de todo o país.
“Os alunos têm provas de treino, que abrimos no início do ano letivo e que eles podem ir fazendo, nas escolas ou em casa. Desde setembro e até ao dia de hoje, foram feitos quase 700 mil treinos”, conta Artur Silva, vice-reitor da UA. “Isto é um apoio que damos à comunidade estudantil, mas também temos como objetivo dar-lhes o gostinho pela ciência, para um dia poderem ser nossos alunos”, sublinha.
Nove disciplinas
João Maricato confirma que aprender assim é mais fácil. “Estas provas são mais rápidas do que os testes, alguns exercícios são mais interessantes e, ao fazer os treinos, também estou a estudar para os testes e para o exame nacional”, explica o aluno. E Esmeralda Gomes, sua professora, acrescenta outro benefício: “Isto traz aos alunos, acima de tudo, confiança e interajuda, porque faz com que se ajudem uns aos outros, em aula e extra-aula.
Mas nem só com números e contas se joga nas Competições de Ciência. Português, inglês, química, Física, geologia, biologia, literacia financeira, ecologia, cidadania e cultura geral são os “jogos” – que, no fundo, são provas com questões, com um tempo limitado de resposta e 15 níveis para atingir – disponíveis. E os alunos, em dupla, inscrevem-se nas que quiserem. Depois, cada dia do evento é destinado a um ciclo de ensino – esta quarta-feira foi ao terceiro – e há prémios para as melhores duplas e para as escolas que, no total dos seus alunos, fizerem mais pontuação.
Cooperar e trabalhar juntos
Sandra Ramos, coordenadora do Pmate – projeto da UA responsável pela iniciativa – adianta que as inscrições – que ainda podem ser feitas para o escalão de ensino secundário, que compete sexta-feira – são feitas em equipa, porque não é pretendida uma “competição feroz, mas sim que os alunos cooperem entre eles e trabalhem juntos”.
Foi o caso de Lara e Carolina Ramos, alunas do 7º ano da Escola Secundária de Gondomar, de onde viajaram 75 adolescentes. Participaram juntas e chegaram – “achamos, não temos a certeza” – ao nível cinco do jogo de matemática. Martim Silva, colega delas, chegou ao número dois. Mas o que interessa, além da aprendizagem, garantem, é “ter experiências novas”. “É um desafio e eles gostam de desafios. E os jogos parecem-lhes um jogo de computador, porque perdem vidas e têm de tentar chegar ao nível mais alto possível. Isso motiva-os a participarem”, frisa Marta Pinto, também da escola gondomarense.
O envolvimento dos professores é, garante Sandra Ramos, essencial. A coordenadora, na área da matemática, do Pmate adianta que a organização não contacta diretamente alunos. “Só contactamos as escolas e os professores. São os professores que têm de entrar na nossa plataforma e de registar os seus alunos. É tudo gratuito. E não escolhemos alunos, cada escola é que decide quem traz. A reitoria o que nos diz é ‘nós queremos os alunos todos’, porque isto é uma festa de todos”. E o "todos", este ano, foram quase 13 mil, que vão enchendo, em vários turnos, a Nave Multiusos do campus universitário da UA.