
Filipe Pires acredita que vale a pena investir em formação superior “para progredir na carreira", apesar de todos os sacrifícios
Foto: Glória Lopes
Filipe Pires é trabalhador-estudante e tem uma vida entre o Museu Ferroviário de Bragança, o curso superior e o apoio familiar a duas filhas.
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Conciliar a vida profissional e a familiar com os estudos no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) “exige disciplina e sacrifícios” a Filipe Pires, aluno da licenciatura em Inglês e Espanhol. “É bastante complicado compatibilizar trabalho e estudo, embora eu tenha tido alguma sorte, porque a entidade patronal mostra abertura e os meus colegas estão disponíveis para fazer trocas de dias”, explicou Filipe.
Com um horário de sete horas no Museu Ferroviário de Bragança, onde trabalha, Filipe anda sempre numa roda-vida “para conseguir ir ao máximo de aulas possível, estudar e preparar trabalhos, e ainda dar acompanhamento e apoio a duas filhas”, contou.
Além do estatuto de trabalhador-estudante que lhe confere direito a cinco horas semanais para ir às aulas, e direito a não trabalhar nos dias dos exames, no museu também folga à segunda-feira, o que lhe permite ir para a escola, roubando horas aos tempos livres e de descanso, e à família. “Temos essas cinco horas, mas a carga horária das disciplinas é bastante alta e são precisas mais de 20 horas para todas”, indicou.
Viver numa cidade pequena tem ajudado, porque rapidamente se desloca do trabalho para o IPB, depois de sair às 17 horas. “O IPB tem uma plataforma online, onde disponibiliza recursos das aulas e há várias disciplinas com horário pós-laboral. Os colegas de curso também me ajudam e emprestam apontamentos”, observou.
Antes de trabalhar no Museu, Filipe esteve numa empresa privada, mas nessa altura desistiu da licenciatura. “Não mostraram abertura para que estudasse”, afirmou.
Filipe é finalista e no próximo ano vai frequentar um mestrado numa universidade no Porto. “Julgo que será mais complicado. Será impossível ir às aulas. Só poderei ir aos exames e às frequências”, prevê o estudante, sugerindo às instituições que apostem mais “no ensino à distância, com aulas online, e pós-laboral, para evitar grandes deslocações”.
Apesar dos esforços e sacrifícios, o aluno acredita que vale a pena investir em formação superior “para progredir na carreira”.
