Intervenção é destinada a utentes com doença mental grave, que estejam estabilizados, e visa reduzir internamentos
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O Centro Hospitalar Conde Ferreira, no Porto, arrancou com uma equipa de apoio domiciliário de saúde mental. A intervenção destina-se a pessoas com doença mental grave, mas clinicamente estabilizadas, que necessitem de acompanhamento, e tem como objetivo reduzir o número de internamentos hospitalares. A equipa irá apoiar no máximo oito utentes por dia, referenciados pelas unidades locais de saúde de São João e de Santo António.
A equipa de apoio domiciliário de saúde mental, integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados, tem como objetivo reduzir internamentos hospitalares, apoiar cuidadores informais e maximizar a funcionalidade da pessoa. "As equipas de apoio domiciliário vão intervir junto de pessoas com doença mental grave, mas clinicamente estabilizadas. Se estão clinicamente estabilizadas, não têm que estar nos hospitais, mas não podem ficar abandonadas", explicou Jorge Dias, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que tutela o Conde Ferreira.
O trabalho da equipa passa por assegurar que os doentes tomam a medicação, fazem as atividades da vida diária de forma normal e que frequentam as terapias em regime de ambulatório. A intervenção irá "assegurar que há uma continuidade de cuidados". "Ou seja, vamos articular as consultas que tinham planeadas com os hospitais de origem para garantir que o doente não falta e, de certa maneira, vamos ver se o seu estado, o seu quadro clínico, se mantém estável. Se algo se alterar, a nossa equipa vai falar com o médico de família ou com o médico da especialidade para voltar a fazer ali uma intervenção e prevenir, de certa maneira, internamentos desnecessários", adiantou Ângelo Duarte, administrador do centro hospitalar.
Limite de visitas
"A experiência que temos é que, efetivamente, é preciso algum esforço para as pessoas não desistirem. E isso também passa muito por terem um apoio familiar para seguirmos os planos individuais de intervenção até ao fim", afirmou Ângelo Duarte.
A equipa de apoio domiciliário, que atuará no Grande Porto, irá conseguir atender no máximo oito pessoas por dia, podendo conseguir acompanhar mais de 50 pessoas numa semana. Os utentes serão referenciados pela equipa coordenadora regional e local, que trabalham em conjunto com as unidades locais de saúde de São João e de Santo António. "Temos contratualizado a possibilidade de fazermos até oito visitas diárias. O que significa que, numa semana, se cada utente só precisar de uma visita semanal, em sete dias são 56", contabilizam os responsáveis.
O projeto surgiu na sequência de uma candidatura da Misericórdia do Porto e do apoio do Plano de Recuperação e Resiliência. "A Santa Catarina da Misericórdia do Porto, baseada nos 142 anos de existência de Conde Ferreira, e com a experiência que tem, está mais do que habilitada, em termos de equipa, para poder ter esta resposta", afirmou Jorge Dias.