Conferência em Braga pede reforço do papel das cidades na construção do projeto europeu
Braga é, esta quinta e sexta-feira, palco da conferência anual de rede de cidades europeias (Eurocities), iniciativa que junta cerca de 400 pessoas e pretende reforçar o papel das cidades na construção do projeto europeu, num contexto global em mudança.
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Na sessão de abertura da conferência, realizada sob o lema “Cidades mais Fortes, Europa mais justa”, o vice-presidente do Parlamento Europeu Younous Omarjee disse que há diversas crises a ameaçar a Europa, nomeadamente em termos geopolíticos, climáticos, demográficos ou habitacionais, sendo que todas elas convergem e se relacionam.
Younous Omarjee destacou a importância da articulação e da cooperação em diferentes níveis, desde logo a partir das cidades, indo ao encontro de uma ideia que, minutos antes, havia sido enfatizada pelo presidente da Eurocities e da Câmara de Leipzig (Alemanha), Burkhard Jung.
“Como provavelmente a maioria de vocês, estou muito preocupado com o mundo de hoje, com o número crescente de autocracias, com o número crescente de conflitos e com a violência política em todo o mundo”, apontou Burkhard Jung, no início do discurso, no Fórum Braga, onde decorrem os trabalhos.
O presidente desta rede destacou que “as cidades desempenham um papel importante a nível local e, mais do que nunca, a nível europeu”, assumindo-se como “espaços de inovação, inclusão e democracia”. “Demonstraremos por que as cidades são essenciais para a construção de uma Europa mais forte, justa e competitiva. E temos a certeza de que quanto mais fortes forem as nossas cidades, mais justa será a Europa”, vincou.
Mais financiamento
Burkhard Jung disse que esse “empoderamento” das cidades “também significa investimento” e, por isso, defendeu que o próximo orçamento da União Europeia deve refletir esta nova ambição política. “Isto significa que as cidades devem ser apoiadas na atração de investimento privado, no fomento de economias locais competitivas e no fortalecimento das indústrias europeias. Ao mesmo tempo, as cidades devem ter acesso direto a financiamento que apoie melhor a ação climática, a utilização das cidades, a mobilidade, a habitação e a inclusão social. Esse é o nosso caminho a seguir”.
A ideia foi também destacada pelo presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, que salientou que a Eurocities “tem vindo a pedir o fortalecimento, o reforço das competências, o reforço em termos de atribuição de fundos a nível europeu, de modo a assegurar um desenvolvimento mais coeso da Europa e também um desenvolvimento mais forte e justo do continente europeu”.
“Acredito que, no contexto geopolítico atual, todos concordamos que as cidades têm desempenhado um papel crucial, não apenas no desenvolvimento da Europa, mas também no cenário global. Quando falamos de competitividade, de migrações, de inclusão ou de adaptação climática, é sempre necessário envolver as cidades para que tenhamos sucesso na busca desses objetivos”, disse o autarca bracarense.
O facto de ter sido Braga a cidade escolhida para acolher a conferência anual da Eurocities é, para Ricardo Rio, um “motivo de orgulho” e uma “forma de posicionar”, no contexto europeu, uma “cidade com mais de dois mil anos de história, que é, ao mesmo tempo, uma cidade muito jovem, vibrante e enérgica”.
A conferência reúne cerca de 400 pessoas, entre líderes políticos, decisores, especialistas e inovadores, provenientes das 200 cidades que compõem esta rede. Um dos pontos altos acontece esta sexta-feira, a partir das 11 horas, com a intervenção através de vídeoconferência do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante a Assembleia Geral da Eurocities.
O programa decorre no Forum Braga e inclui também visitas de estudo a vários projectos e equipamentos de referência local como o Human Power Hub – Centro de Inovação Social de Braga, o INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, ou o gnration e a Startup Braga.