“Olhar para o futuro coletivo partindo do passado”. É isto que 18 oradores vão fazer durante todo o dia de sábado, no auditório da Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, na conferência Famalicão Cidade Aberta.
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“Em 1975, a sociedade civil famalicense expressou na rua o que não queria. E hoje? O que querem os famalicenses para os próximos 50 anos?”, são as grandes questões que estarão em cima da mesa. João Cerejeira, Jorge Moreira da Silva e José Carlos Bomtempo são os “oradores principais” da conferência que começa às 9.30 horas e se debruça sobre três painéis (pessoas, território e comunidade) e inclui uma mesa redonda com jovens líderes.
“Queremos dar espaço aos cidadãos para poderem dialogar e refletir em conjunto, representando-se apenas a si próprios”, adianta Carlos Sousa, presidente da direção da associação cívica Casa da Memória Viva. Apenas um dos oradores não é famalicense, mas tem ligações ao concelho, e todos vão pensar o futuro assente nos “três eixos que são as alavancas para o futuro”: as pessoas, o território e a comunidade. “Como podemos potenciar estes eixos fazendo deles uma mais-valia, uma força para suprir algumas debilidades seja ao nível da captação e qualificação da mão de obra, dos transportes, da mobilidade e do ambiente, por exemplo”, apontou Carlos Sousa.
Verão Quente de 1975
A conferência parte do passado, daquilo que foi o Verão Quente de 1975 em Famalicão. E foi nesse “contexto educativo que Famalicão esteve nas primeiras páginas dos jornais e é importante demonstrar” que, hoje, há “melhores razões” para tal.
O responsável pela Casa da Memória Viva considera que é necessário que os acontecimentos do Verão Quente de 1975 no concelho famalicense sejam estudados e validados academicamente e cientificamente. “Não há uma narrativa estabilizada sobre essa época no concelho. 50 anos decorridos é tempo da história e dos historiadores passarem à ação, enquanto há protagonistas para recolher testemunhos e com valor historiográfico”, nota ainda.
De resto, Carlos Sousa aponta que muitos não sabem o que aconteceu, têm apenas uma “vaga ideia”. Nesse sentido, propôs à Câmara Municipal de Famalicão a criação de uma bolsa de estudo, no âmbito da investigação em História Contemporânea, para quem se dedique a essa análise.
É, refere o presidente da associação, “forma de honrar a memória daqueles que, então, saíram à rua movidos pelas suas convicções, num tempo de aprendizagem democrática para todos e de se fazer pedagogia cívica, a favor das novas gerações”.