O edifício da antiga fábrica Confiança vai ser transformado em residência universitária, uma hipótese que já tinha sido avançada pela Câmara de Braga, aquando a aprovação da venda do imóvel, em setembro de 2018.
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O presidente da Autarquia, Ricardo Rio, adiantou, na quarta-feira, que vai avançar com a hasta pública, com preço-base de quase 3,7 milhões de euros - menos cerca de 100 mil que o anterior - e com um novo caderno de encargos, que será aprovado na próxima segunda-feira, em reunião do Executivo. No próximo dia 24, a proposta vai à Assembleia Municipal.
Depois de duas providências cautelares terem impedido a concretização da alienação mais cedo, o Município vai marcar, este trimestre, um terceiro leilão, mas com novas condições. Os privados só poderão adquirir o edifício e o terreno adjacente para o transformar em residências para estudantes, com capacidade para 300 camas, e terão de respeitar um pedido de informação prévia (PIP) que já teve luz verde do Conselho Nacional de Cultura, responsável pelo processo de classificação da antiga saboaria como imóvel de interesse público.
O documento, que determina as futuras intervenções no edifício da Rua Nova de Santa Cruz, assegura espaço para alojamento, mas também 500 metros quadrados para um centro interpretativo que evoque a memória da Confiança, além de outros serviços complementares, como restauração e comércio. No terreno adjacente, crescerá um prédio de sete andares, onde ficará a maioria dos quartos. Haverá, ainda, dois pisos subterrâneos para estacionamento.
Em relação ao último caderno de encargos, o Município de Braga foi, também, mais ambicioso em termos da preservação arquitetónica e obriga os investidores a manterem a volumetria total do velho edifício e não só três fachadas e a cobertura. Está prevista, ainda, a recuperação da antiga Rua do Pulo, entre o velho edifício e aquele que vai nascer.
Para Ricardo Rio, a transformação daquela área industrial em residência universitária vai resolver tanto o problema de "degradação" do imóvel, como também responder à "necessidade premente" do concelho de disponibilizar mais camas para estudantes. O local está a cerca de 500 metros do campus de Gualtar da Universidade do Minho.
Já o movimento cívico Salvar a Fábrica Confiança, que tem lutado pela manutenção da antiga saboaria na esfera pública e quer um fim cultural para o espaço, criticou o novo caderno de encargos, considerando-o "pior do que o anterior". "É inacreditável. O papel de agente imobiliário do Município é assumido em pleno", lamentou Cláudia Sil, em representação do movimento, que tem em curso um processo no Tribunal Administrativo de Braga.