População critica sentido único na Rua D. Joaquim Manuel da Costa, principal acesso da freguesia. Câmara de Gondomar justifica que intervenção era pedida "há mais de 20 anos".
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Cerca de uma semana depois de as camionetas terem voltado a circular na renovada Rua Dr. Joaquim Manuel da Costa, uma das principais artérias de Valbom, os comerciantes e moradores mostram-se revoltados com a intervenção que deixou o trânsito apenas no sentido descendente.
Falam de prejuízos acumulados nos dois anos em que durou a obra, da confusão criada no trânsito sempre que há viaturas que se cruzam (uma vez que é permitida a circulação ascendente para os transporte públicos de forma alternada através de semáforos), e da falta de gente na rua.
Contactada a Câmara de Gondomar, o presidente, Marco Martins, explicou que "a colocação do sentido único era pedida há mais de 20 anos", mas "nunca houve coragem política para o fazer". O autarca referiu ainda que "compreende que as obras causam constrangimentos", mas salientou: "Sem obras não é possível efetuar melhorias". Miriam Almeida, 46 anos, abriu o quiosque um mês antes de as obras começarem e diz que agora o negócio rende "um quarto daquilo que rendia". "Ao estreitarem a via, não há sítios para parar e as pessoas deixaram de aparecer", lamentou, criticando a circulação alternada das camionetas, que "só tem servido para gerar uma grande confusão". "Há dias, fiquei 30 minutos presa no trânsito", contou.
PREJUÍZOS avultados
Joaquim Silva, 69 anos, referiu que fechou o talho que havia aberto há dez anos por uma "questão de saúde", mas garantiu também que "não podia continuar a acumular prejuízos", na ordem dos 40 mil euros.
Também Lúcio Cunha, 78 anos, com mercearia há 34, considera que a intervenção "foi uma vergonha", dando conta que as vendas "pioraram por a rua ter perdido os dois sentidos". "Fizeram os passeios largos para as pessoas andarem na rua e agora é uma artéria fantasma".
Sobre a necessidade de alargar os passeios, Marco Martins reforçou que "junto ao arruamento há várias instituições, duas delas com resposta na área da deficiência e com utentes em cadeiras de rodas, e outras duas com creches, em que os carrinhos de bebé tinham de circular na faixa de rodagem". Já sobre a confusão no trânsito, disse que "a circulação nos dois sentidos foi alvo de vários testes, estando a ser monitorizada para eventuais ajustamentos".
Na zona de Fonte Pedrinha, a obra "não está concluída". "Falta a segunda camada de tapete, que vai regularizar o pavimento e as tampas, mas só será possível aplicá-la quando as condições atmosféricas o permitirem", observou.
Abaixo-assinado sem resposta
Ciente de que os dois anos de obras na Rua Dr. Joaquim Manuel da Costa "prejudicaram muito" os comerciantes, Manuela Silva, 61 anos, proprietária da Farmácia Central, chegou a encabeçar um abaixo-assinado contestando a intervenção. Todavia, nunca obteve resposta. Já da empreitada diz que "não favoreceu nada" a rua, descrevendo como "uma dor de cabeça" o cruzamento dos veículos. Do mesmo modo, Manuela Silva critica o facto de a zona da Fonte Pedrinha "estar cheia de buracos".