Carregaram contentores marítimos em fim de vida para o meio da aldeia da Felgueira, em Vale de Cambra, encaixada na serra da Freita.
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Já lá contam onze, vão transformá-los em abrigos de montanha. Com as próprias mãos e um empurrão de gente da terra estão a construir uma vila ecológica dentro desta Aldeia de Portugal. É para turismo rural. João Mota e Isabel Figueiredo trocaram a cidade pela aldeia para viver e nunca mais pararam.
São os únicos habitantes da aldeia do Trebilhadouro, em Vale de Cambra, mas vão mudar-se para a Felgueira. "Queríamos um terreno para fazermos uma casa, com vista. Apareceu-nos este, com 15 mil metros e pensámos: o que vamos fazer com isto?", conta João Mota.
Vista de 360 graus
O engenho dos dois - ela é da área de turismo, ele de engenharia civil - trouxe-os até aqui. Sem estudos de mercado, movidos pela intuição, estão a reutilizar materiais, a aproveitar pneus ou contentores marítimos que iam para abate. Vão requalificá-los com janelões com vista para a serra. "Vamos estar lá dentro, mas cá fora", diz João.
Haverá uma cozinha comunitária com mercearia de conveniência, zona para autocaravanas, piscina biológica, tendas panorâmicas para olhar o céu, horta, e ainda contam ter animais: galinhas, cabras, cães. Tudo a 800 metros de altitude, com vista de 360 graus sobre a serra, a meia dúzia de metros das pedras parideiras e do radar meteorológico. "Vai ser uma aldeia dentro de uma aldeia. Uma espécie de parque rural. Somos muito ligados ao que é sustentável, mas não somos fundamentalistas", antecipa Isabel.
É bom estar aqui
A gente da aldeia também põe mãos à obra. Ora a construir, ora a dar dicas na plantação de árvores autóctones. O casal envolve a comunidade, paga-lhes os serviços e faz contas à vida: "Tudo, vai ficar à volta dos 250 mil euros. Estamos abertos a quem se revir no projeto e quiser investir", diz Isabel. Até lá, vão ao seu ritmo. Este Verão, contam já receber autocaravanas. Porque a ideia é simples: dinamizar a aldeia.
Um dos contentores já está pronto, e João e Isabel vão mudar-se. É lá que vão viver enquanto constroem a casa. "Só temos pena de haver poucos jovens aqui. Mas as pessoas estão a fugir cada vez mais das cidades. E o bom que é estar aqui nesta paz", conclui Isabel.