A empresa sueca CorPower Ocean garante que o dispositivo-piloto que esteve instalado três meses no mar da Aguçadoura, ao largo da Póvoa do Varzim, “passou com sucesso” todos os testes, desde a capacidade de produção de energia a partir do movimento da ondulação como da sua própria sobrevivência e auto-proteção.
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Segundo Miguel Silva, representante em Portugal da CorPower, o conversor foi capaz de vencer "três grandes" tempestades, entre agosto e novembro, suportando “ondas com 18 metros”.
Aquele responsável foi um dos participantes, esta sexta-feira, no segundo dia da 2.ª edição dos Encontros Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora (PNAID), que está a decorrer até amanhã, em Viana do Castelo, com o tema da “economia azul” em foco. O ministro da Economia, António Costa e Silva, esteve presente, realçando como “notícia positiva” que em novembro, “durante seis dias consecutivos, toda a electricidade que o país usou proveio de fontes renováveis”. E preconizou que este setor, nomeadamente o das eólicas offshore, será “absolutamente crucial” e será “transformador” para a atividade industrial em Portugal.
O projeto de instalação no mar do Norte do país de quatro conversores para exploração de energia das ondas pela empresa sueca CorPower está atrasado, mas segundo Miguel Silva, corre agora a bom ritmo e poderá ser concretizado num prazo máximo de “três a cinco anos”.
A previsão agora é que o primeiro protótipo regresse ao mar, para ficar durante um longo período de tempo, no primeiro trimestre de 2024.
“Tivemos o dispositivo instalado com sucesso em finais de agosto. Dessa operação conseguimos, pela primeira vez, não só fazer a ligação mecânica, mas também elétrica e de comunicações do dispositivo à subestação em terra. Depois dessa instalação bem sucedida e dos ensaios de comissionamento e de posta em marcha do dispositivo, começamos a gerar energia elétrica e a injetá-la na rede nacional”, contou Miguel Silva ao JN, adiantando que entre agosto e novembro foram efetuados “testes de performance” e de verificação dos “sistemas de sobrevivência, que acabaram por ser os grandes vencedores deste período de tempestades”.
“Acabamos por demonstrar uma coisa que ainda não tinha sido demonstrada na energia das ondas, que é a capacidade do dispositivo se proteger em momentos de ondas e tempestades. Tivemos ondas com alturas de 18 metros”, descreveu, comentando ainda que tiveram “durante largos períodos, ondas de altura significativa, igual ou superior a oito metros, a atingir o dispositivo. Lembro que este se desliga e se coloca em modo de sobrevivência e proteção a partir de oito metros”.
“Todo o sistema vingou e funcionou”, resumiu.
De acordo com Miguel Silva, o protótipo já foi retirado do mar e encontra-se “no porto de mar de Viana do Castelo, a seco”, para análise aos efeitos da operação de teste na Aguçadoura, afetada por “três grandes tempestades”. E “se tudo correr bem, no início do próximo ano, será colocado novamente no mar, agora para um período mais longo, de pelo menos 6 meses de operação, sem interrupção”.
A Corpower está instalada desde 2020 no porto de mar de Viana do Castelo. Prevê no futuro, instalar um parque com os quatro conversores em plena atividade, para fornecer energia suficiente para abastecer "cerca de mil casas". Trata-se de um investimento de 16 milhões de euros. “Há algum atraso no projeto, mas é um projeto com futuro e para fazer agora”, declarou Miguel Silva, argumentando que “esta é uma tecnologia que foi desenhada para originar a partir de qualquer porto, nas condições mínimas que nós temos, no nosso porto de Viana do Castelo, de entrada e de saída do dispositivo”. E, por isso, “pode-se fazer um projeto nos próximos três, quatro ou cinco anos, e não daqui a dez, doze ou treze, como vai demorar a eólica offshore”, concluiu.