Quintas olham cada vez mais o tomate como complemento sazonal.
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Há uma década, a produção de tomate coração boi no Douro estava "muito limitada às hortas familiares" e "pouca gente falava dele". Com a implementação de um projeto de valorização do fruto pela GreenGrape, liderada por Celeste Pereira, teve um "crescimento fabuloso" e passou a complementar o vinho e o azeite. Há nove anos "eram apenas quatro ou cinco as quintas que tinham hortas com este tomate, hoje são 38".
O coração de boi será sempre "um bom complemento sazonal aos outros produtos de uma quinta", defendeu ontem à noite, sexta-feira, Francisco Pavão, especialista em azeite e defensor da produção regional, ligado ao projeto da GreenGrape,durante a festa do Tomate Coração de Boi na Casa Mateus, em Vila Real. As quintas que apostaram no tomate passaram a "valorizar a profissão de hortelão", que se dedica "exclusivamente aos produtos da horta" que depois são utilizados na restauração própria.
Abílio Tavares da Silva, da Quinta de Foz-Torto, em S. João da Pesqueira, foi dos que criou uma horta. "Num almoço, no Pinhão, alguém levou uma cesta de tomates e eram do outro mundo". Na conversa com outros comensais percebeu que se os quisesse ter sempre à mão tinha de os produzir. Hoje tem uma horta farta e "nunca mais faltou tomate durante o verão".
Célia Varela, diretora-geral da Quinta do Pessegueiro, em Ervedosa do Douro, S. João da Pesqueira, salienta que na unidade de agroturismo da quinta "o tomate tem sido muito apreciado" sempre que são apresentados os vinhos e os azeites.
O que Celeste Pereira deseja agora é "aprofundar o conhecimento". Ou seja, "envolver instituições de ensino superior", entre outros organismos, no sentido de "começar a trabalhar no estudo da semente a fim de preservar e valorizar o fruto".
Outro objetivo é que esta ideia seja replicada a outros produtos e "criar três ou quatro momentos durante o ano em que se consiga gerar atratividade turística e, a partir deles, promover a venda de vinhos durienses".
Vai bem com flor de sal e azeite
Mais de duas dezenas de restaurantes da região duriense já apostam no tomate coração de boi nas suas ementas. Na Taberna do Carró, em Torre de Moncorvo, o proprietário, Joaquim Morais, serve-o de entrada "sem o cliente saber" e "ninguém diz que não". Pelo contrário, "muitos pedem para repetir". Francisco Pavão é perentório quanto à melhor forma de degustar o tomate coração de boi: "Cortado às rodelas ou em pedaços com flor de sal e um fio de azeite". Porém, na Taberna do Carró também são apreciadas as migas deste tipo de tomate.