Este domingo, de manhã, em Vila do Conde, haverá um cordão humano para defender a Reserva de Mindelo. A ação é promovida pela associação FAPAS e visa alertar para a necessidade de uma intervenção na duna e no passadiço.
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"Está assim há mais de um ano. Há sítios que nem se vê o passadiço. Passa aqui muita gente, muitos peregrinos. Não se entende!", diz, revoltado, Avelino Silva, um dos muitos que, quase todos os dias, anda no passadiço da Reserva Ornitológica de Mindelo (ROM), entre Árvore e Mindelo, em Vila do Conde.
Ali, junto à praia, a duna "engoliu" o passadiço. Em 2019, a Câmara dizia que era preciso "deslocalizá-lo". Quatro anos depois, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) continua a estudar o caso. Para piorar a situação, em dezembro, o cordão dunar rompeu na foz da Ribeira de Silvares.
A Autarquia reconstruiu a ponte, mas a duna aguarda "luz verde" da APA. Na manhã deste domingo, há um cordão humano do núcleo de Mindelo da FAPAS (Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade), no local.
"Pretendemos sensibilizar os órgãos de soberania a desbloquearem as verbas necessárias para a consolidação de toda a extensão de costa da ROM e, desse modo, preservarem a primeira reserva do país e das primeiras da Europa", afirma Vítor Gonçalves, da FAPAS, que, depois dos "inúmeros alertas" e dos sucessivos "apelos infrutíferos", apela, agora, a todos para que se juntem, este domingo, às 10 horas, no cordão humano.
Quem por ali passa, esbarra nos montes de areia. De bicicleta ou carrinho de bebé é impossível passar e, junto à ribeira, vê-se agora a água salgada a invadir zonas de canaviais e antigos charcos, onde outrora nidificavam anfíbios.
"Repusemos a ponte, mas no cordão dunar não podíamos intervir. Temos insistido com a APA", afirmou o presidente da Câmara. Vítor Costa diz que os técnicos andaram quarta-feira na ROM e já há "luz verde" para avançar.
Numa primeira fase, será feita a reconstrução da duna, evitando a entrada do mar. A fim de agilizar o processo, a Câmara será dona da obra. A APA define os moldes da empreitada e paga a fatura. A ideia é lançar concurso "rapidamente" e tentar ter tudo pronto a tempo da época balnear.
Numa segunda fase, será construído um novo passadiço. A duna regenerou, engoliu o passadiço e, agora, para resolver o problema resta desviar o trajeto, mas o projeto, confessou, não está ainda fechado. São 800 mil euros para relocalizar o passadiço e mais 150 mil euros para obras em Vila Chã, Mindelo e no Castro de S. Paio, em Labruge.
"Só fui até à zona da areia. Dali para a frente, com o carrinho de bebé, é impossível passar. Sou desportista e este passadiço é ótimo. É uma pena. Às vezes, vê-se os peregrinos de Santiago a ir pela praia de mochila às costas. É muito triste", afirma Ana Brás, uma das utentes.
Outro utente, João Garrido, denota também tristeza: "Chegamos aos montes de areia e voltamos para trás. Nos primeiros tempos, ainda vinham aí e tiravam a areia. Agora, desistiram. Deviam era mudar o passadiço de sítio. Esta zona é muito bonita e este passadiço tem muito movimento".