A troca dos corpos de duas mulheres, no Gabinete Médico-Legal de Portimão, levou a que uma delas fosse cremada por engano e contra a sua vontade. O erro foi assumido pelo Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), que abriu um inquérito para apurar responsabilidades e pediu desculpas às famílias enlutadas.
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Maria Graciete Alvo, de 92 anos, morreu a 20 de agosto, em casa, em Portimão, e foi transportada para o Gabinete Médico-Legal. Tinha deixado expressa a vontade de não ser cremada ou enterrada. Desejava ficar no jazigo onde estão os filhos. Mas o seu corpo acabou por ser enviado, por engano, para Lisboa e foi cremado no cemitério dos Olivais na passada sexta-feira.
Na origem deste engano terá estado a troca das pulseiras de identificação. No mesmo gabinete deu entrada outra mulher, de 69 anos, e a pulseira que continha o nome e dados pessoais deste cadáver foi colocada no de Maria Graciete.
O erro só foi detetado no sábado, após o Ministério Público ter dado autorização para a libertação do corpo de Maria Graciete. Nessa altura, a cremação já tinha sido executada e nada havia a fazer.
Contactada pela JN, a Unidade Local de Saúde do Algarve explicou que, “apesar de as instalações funcionarem no hospital, o Gabinete Médico-Legal pertence ao Ministério da Justiça”, pelo que não tem autoridade para intervir neste processo.
Fonte oficial do Ministério da Justiça, que tutela o INML, escusou-se a prestar esclarecimentos, “por respeito à família”.
A família que, para já, prefere manter o anonimato, manifestou vontade de avançar com uma queixa contra o INML. Fonte da Entidade Reguladora da Saúde revelou que “até ao momento não identificou nenhuma reclamação” e esclareceu que a atividade do INML é pericial e “não possui uma intenção assistencial”, pelo que está “excluída do âmbito de intervenção regulatória da ERS”.