O corpo da mulher com uma gravidez de sete meses que desapareceu na Murtosa não foi encontrado no poço onde a família suspeitava que poderia estar, mas os familiares vão continuar as buscas, segundo apurou o JN.
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Filomena Silva, a tia de Mónica Silva e porta-voz da família da vítima, afirmou ao final da tarde desta sexta-feira ao JN que, por volta das 18.30 horas, deram por encerradas as buscas, dado que "vasculharam tudo, mas não estava lá o corpo da Mónica”.
O poço, situado num antigo terreno agrícola na Murtosa, concelho do distrito de Aveiro, já tinha sido vistoriado há uma semana pela Brigada de Homicídios da Polícia Judiciária de Aveiro e pelos Bombeiros Voluntários da Murtosa, sem resultados.
Mónica Silva, de 33 anos, com dois filhos, de 11 e 14 anos, desapareceu na noite de 3 de outubro, depois de ter saído de casa, alegadamente para se encontrar com Fernando Valente, principal suspeito do crime e o único que está em prisão preventiva.
Filomena Silva reiterou, já ao início desta noite, que já não tinham dúvidas de que Mónica terá sido assassinada "na noite em que o Fernando Valente a veio buscar, já grávida de sete meses". Segundo a porta-voz, "era ele que a procurava, pois nunca era a Mónica que ia atrás dele”.
A tia de Mónica realça ainda que apenas quer "um funeral digno e o luto para tranquilizar toda a família e especialmente os dois filhos da Mónica, que não merecia ter um final como este, ainda para mais grávida de sete meses. Isto é uma tragédia”, diz.
“A Polícia Judiciária descobriu sangue da Mónica em dois carros do preso, assim como em dois apartamentos, um deles onde a Mónica e o Fernando se encontravam, na Torreira, que foi o local do crime, na noite de 3 de outubro”, disse Filomena Silva.
Principal suspeito do crime
Fernando Valente, empresário de 38 anos, é apontado pela Polícia Judiciária de Aveiro como suspeito dos crimes de homicídio consumado qualificado, aborto agravado e ocultação de cadáver, encontrando-se em prisão preventiva desde sábado.
Fernando Valente tinha notas falsas de cerca de sete mil euros, mais de 80 mil euros em dinheiro genuíno e uma pistola de alarme, confirmando-se que o apartamento na Torreira apontado como sendo o local do crime, foi limpo com soda cáustica.
A Polícia Judiciária de Aveiro, que ainda não fez qualquer comunicado acerca do caso, continua a investigar o desaparecimento de Mónica Silva, aguardando resultados dos vestígios hemáticos recolhidos há uma semana.
As primeiras indiciações apontam para um alegado homicídio passional, motivado pelo incómodo da gravidez e a rejeição do nascituro, da parte do empresário Fernando Valente, como tendo sido o móbil do crime, mas o mistério continua por esclarecer.
Os pais de Fernando Valente, que familiares de Mónica Silva suspeitam ter encoberto o filho, deixaram esta semana a moradia, em Béstida, na Murtosa, mudando para um apartamento na Torreira, onde terão sido cometidos os crimes.
A mudança de casa foi anunciada como ficando a dever-se a receios de eventuais represálias por parte de familiares da vítima, na sequência de incidentes no local de trabalho da mãe do suspeito, uma florista na Murtosa, que terão culminado com mútuas agressões.