Cartas chegam fora do prazo em todo o concelho e queixas multiplicam-se. Autarquia promete expor caso à autoridade.
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Os atrasos na correspondência em Ovar têm gerado longas filas à porta dos serviços de água ou eletricidade por quem recebe faturas com o prazo de pagamento já expirado. O problema estende-se a todo o concelho e já impediu deputados locais de marcarem presença nas assembleias de freguesia por não terem recebido, no correio, a convocatória a tempo. As queixas são tantas, que o Município vai fazer uma exposição à Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).
Carlos Camoesas mora em Válega e recebeu, esta semana, "o molho mensal de cartas". "Recebi de uma só vez sete cartas. Vêm uma vez por mês. Em três das cartas o prazo limite para pagamento já tinha passado", conta. A fatura da água foi emitida a 25 de junho, chegou-lhe a 27 de julho. "Chegou mais de um mês depois, tentei ir ao multibanco pagar e já não deu". No mês passado, o mesmo tinha acontecido. "A culpa é de quem privatizou um serviço do Estado. Isto é incompetência dos CTT", queixa-se.
Piorou na pandemia
O problema dos atrasos já era comum, mas agravou-se na pandemia. Um munícipe de Válega, que pediu anonimato, desabafa: "É vergonhoso. E uma pessoa vai aos CTT e não há atendimento ao público. Tenho a minha conta da luz atrasada, não se admite". Fernanda Castro, de Esmoriz, também tem sentido isso. Recebeu uma convocatória para uma consulta no próprio dia. E há quem já tenha recebido aviso de corte de água antes da própria fatura.
Na Junta de Válega, uma das mais afetadas, as queixas multiplicam-se. "Temos recebido relatos. Nós próprios temos tido alguns problemas. A Oposição (PSD) não compareceu a duas assembleia de freguesia por não ter recebido a convocatória. Num mês, o carteiro veio à Junta duas vezes", diz Augusto Pinho, secretário da Junta.
Augusto garante que a situação, desde a pandemia, "é mais gritante e recorrente". A Junta de Válega já apresentou uma reclamação nos CTT. A própria dona da florista onde o posto dos CTT funciona na freguesia, Cristina Costa, subscreve os problemas. "As pessoas estão a receber cartas fora do prazo, bastante atrasadas. Mas dada a situação de poucos carteiros e muito trabalho, com muitas encomendas...".
Domingos Silva, vice-presidente da Câmara, adianta que o Município vai fazer uma exposição à Anacom. "Os CTT não estão a fazer um bom serviço em Ovar. A população queixa-se, não temos competência para intervir. A empresa é privada, mas está obrigada a um contrato de serviço público".
CTT VÃO RECRUTAR PARA COLMATAR FALHAS
Os CTT esclarecem que durante a cerca sanitária de Ovar experimentaram constrangimentos na distribuição no concelho devido à "restrição na entrada do camião que abastece o Centro de Distribuição" e também pela "proibição na entrada de trabalhadores que moram fora do concelho". Com o levantamento da cerca, asseguram os CTT, o serviço tem vindo a ser normalizado.
Mas adiantam que é necessário reforçar a equipa com mais trabalhadores a "fim de se substituir os ausentes por vários motivos". A empresa está "em processo de recrutamento", mas diz estar a ter dificuldades pela ausência de candidatos. E recorda que os CTT estão a reforçar as equipas com mais 800 elementos no país, a maioria carteiros. A empresa promete agendar uma reunião com a Autarquia para compreender as reclamações.