Saúde, solidariedade e sustentabilidade são os três pilares da Corrida de São João que, este domingo, corta o trânsito na marginal de Gaia para dar lugar a milhares de atletas profissionais e amadores. A receita angariada reverte para a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC). Inscrições estão esgotadas.
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"É um prazer angariar dinheiro para vocês [Associação do Porto de Paralisia Cerebral]", admitiu o diretor geral da Runporto, Jorge Teixeira, esta terça-feira de manhã, durante a conferência de imprensa de apresentação da Corrida de São João. Numa sala na Biblioteca Municipal de Gaia, onde também esteve presente o vereador do desporto da Câmara de Gaia, Guilherme Aguiar, foi apresentado o percurso da corrida. Este ano, terá menos cinco quilómetros do que o habitual, fruto das obras de construção da nova ponte que servirá a Linha Rubi, entre a Casa da Música, no Porto, e Santo Ovídio, em Gaia.
Mas talvez o trajeto mais curto tenha atraído mais gente, reconhece Jorge Teixeira, já que as inscrições esgotaram mais rápido do que o normal. Contam-se, entre os participantes na prova deste ano, 34 nacionalidades e dois atletas nacionais muito experientes: Óscar Loureiro, de 84 anos, e Conceição Grare, de 70.
Com partida da zona pedonal de Canidelo, junto ao rio Douro, os milhares de atletas (o número exato ainda está por apurar) dão início à prova de dez quilómetros pelo interior do concelho, atravessando a Rua da Praia, a Rotunda do Linhó, a Avenida Dioceliano Monteiro, a Rua da Bélgica, a Rua Jorge Dias e a Rua Thom. A partir daí, o percurso ganha vista para o mar.
Em vez de uma corrida em circuito, esta terá retorno na Avenida Beira Mar antes da Rua João Paulo II, percorrendo exatamente o mesmo caminho mas continuando até à Praceta de S. Pedro, junto à Ponte da Arrábida, para depois regressar à zona pedonal de Canidelo para cruzar a meta. Isto, para os participantes da corrida de dez quilómetros.
A segunda modalidade (a "mini corrida" de sete quilómetros) termina exatamente onde começa, também na zona pedonal de Canidelo, mas neste caso sem antes os atletas (dos quais 71% são mulheres) seguirem até à Ponte da Arrábida.
O vereador da Câmara de Gaia, Guilherme Aguiar, descreve esta iniciativa como "uma corrida popular" e destaca o interesse dos jovens, já que 38% dos participantes na corrida de dez quilómetros têm entre os 18 e os 34 anos. Explica que as "vias são muito necessárias para a mobilidade" e também por isso o início da corrida foi adiantado meia hora. O tiro de partida é dado às 9 horas deste domingo.
Os kits de participante serão entregues esta sexta-feira e sábado, entre as 10 horas e as 23 horas, no centro comercial Alameda.
Ajudar a equipar sala "Snoezelen"
A verba angariada para a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) ajudará a equipar uma sala multissensorial "Snoezelen", utilizada para estimulação sensorial, diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão. A sua utilização tem relevado efeitos terapêuticos e pedagógicos positivos em diversas patologias. Abílio Cunha, da APPC, diz estar disponível para receber todos os parceiros da corrida para verem "onde vai ser investido o dinheiro angariado nesta prova".
Para motivar uma melhor integração de pessoas com esta condição, Jorge Teixeira adianta que "cinco minutos antes da prova, 20 ciclistas vindos de Espanha vão transportar uma pessoa com paralisia cerebral" durante a corrida. Além disso, também cerca de 20 pessoas vão empurrar pessoas em cadeira de rodas para que todas possam desfrutar do percurso.
Falando ainda de saúde, também o Hospital de São João se associa a esta causa e o diretor do Serviço de Gastrenterologia daquele centro hospitalar, Guilherme Macedo, sublinha: "A saúde digestiva tem muito a ver com o que fazemos em termos de exercício físico". "É a essa tomada de consciência que vimos apelar. Mexam-se pela saúde digestiva", concluiu.
Em representação da Continental, principal patrocinador da iniciativa, o diretor de Marketing, Nuno Rebelo, adiantou que haverá ainda uma surpresa no Alameda durante a entrega dos kits de participante. Por cada cem minutos percorridos numa passadeira (tanto por participantes como por público em geral) a empresa compromete-se a plantar uma árvore numa iniciativa com a Quercus para "reflorestar Portugal".
Também a t-shirt e os óculos de sol oferecidos aos participantes no final da prova são feitos de materiais recicláveis.