A Festa do Agricultor, uma organização da Casa do Povo de Fermentões, voltou este fim de semana, depois de dois anos de suspensão devido às medidas sanitárias para contenção da pandemia. O Cortejo Etnográfico, realizado na tarde deste domingo, foi o último número das festividades. No primeiro balanço, a organização afirma que esta foi uma das maiores festas de sempre.
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Apesar da chuva que se insinuava com pequenos aguaceiros, os mais de cem participantes no Cortejo Etnográfico da Festa do Agricultor, não arredaram pé da rua. A firmeza dos figurantes deu coragem aos milhares que ao longo do caminho, de guarda-chuva em punho, abrigados nas paragens de autocarro, aninhados por baixo das varandas ou encolhidos nas soleiras das portas, se juntaram para ver passar os carros.
Este ano os temas escolhidos foram os ciclos do milho e do centeio. "Na verdade, a nossa população, maioritariamente, já não vive da agricultura. Estamos aqui numa freguesia às portas da cidade, quase envolvida pela malha urbana. A grande maioria das pessoas trabalham na indústria ou nos serviços", esclarece Alberto Torre, presidente da Casa do Povo de Fermentões. "Teremos, hoje em dia, uma meia dúzia de famílias que se dedicam à agricultura como atividade principal", acrescenta.
Dar a conhecer aos mais novos
A Festa do Agricultor realiza-se desde 1977 e, nos primeiros anos, ainda estava muito ligada à apresentação dos produtos agrícola. Com o progressivo abandono da terra e a urbanização da freguesia, a festa passou a servir "para honrar as tradições e dar a conhecer aos mais novos todas estas atividades", explica Alberto Torres.
Este ano desfilaram, entre a Avenida dr. Alfredo Pimenta, na cidade de Guimarães, pela EN 101, até ao centro da freguesia, 25 carros alegóricos, puxados por tratores, ou por juntas de bois. Em cada carro apresentava-se um quadro vivo do ciclo do centeio ou do milho. O realismo com que são montadas estas cenas impressiona. O milho que vemos sachar, é verdadeiro, das espigas que os homens malham na eira, saltam pequenos bagos amarelos que os pombos vão papando. No carro que representa a cozinha, a lareira está mesmo a arder e há uma mulher em trajes tradicionais a depenar uma galinha num alguidar de água a escaldar.
O mais novo tinha três e o mais velho mais de 90
A organização do cortejo conta com 60 elementos, além dos cem que desfilam. Entre os participantes o mais novo tinha três anos e o mais velho mais de noventa. A maioria é da freguesia de Fermentões, "mas há pessoas das freguesias aqui à volta, como Silvares e Penselo", reconhece Alberto Torres.
No fim da festa, em jeito de primeiro balanço, o responsável pela organização está feliz com esta primeira edição pós-pandemia. "Tínhamos medo que estas tradições, que já se vão perdendo, desaparecessem completamente com a paragem. Mas não foi assim, tivemos muita gente, todos os dias. Desde sexta-feira com os cantares ao desafio, no sábado, na feira do gado e na garraiada e à noite no festival de folclore, tivemos sempre centenas de pessoas. Foi uma das maiores festas de sempre". Alberto Torres destaca a boa ligação com outros municípios, "Fafe, Amarante, Valença e outros que continuam a vir à nossa terra, trazendo os seus animais e ajudando a abrilhantar a festa".