A Corticeira Amorim irá transferir a unidade de produção de cortiça de Silves, no Algarve, para Vendas Novas, no Alentejo, a partir de dia 9 de junho. A empresa irá propor a transferências dos 31 colaboradores e está disponível para negociar indemnizações com os funcionários que optem por sair da firma.
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"Após uma avaliação das capacidades produtivas existentes em várias unidades industriais da Amorim Cork Solutions, foi decidida a transferência, a partir de 9 de junho, da unidade industrial de Silves para a unidade industrial de Venda Novas (que também produz produtos de isolamento)”, lê-se numa informação enviada, na quarta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
No documento, a empresa explica que a decisão se baseou "unicamente na eficiência operacional, considerando exclusivamente questões de mercado, capacidade instalada versus dimensão do mercado e a localização do montado de sobro”. A Corticeira Amorim, garante que a centralização da operação em Vendas Novas "beneficiará da maior proximidade da produção às matérias-primas utilizadas e da concentração dos investimentos necessários à obtenção de maior produtividade e competitividade no relançamento do negócio de cortiça expandida".
A unidade de Silves emprega, atualmente, 31 trabalhadores, aos quais será dada a possibilidade de mobilidade para a unidade de Vendas Novas. Contudo, a empresa reconhece que "esta solução poderá não ser viável para todos", pelo que "está disponível para negociar condições justas de indemnização com os trabalhadores" que optem por não o fazer.
Município preocupado
Esta sexta-feira, o município de Silves afirmou estar "inquieto" com o futuro dos 31 trabalhadores que pertencem à unidade de Silves e afirmou estar disponível para lhes “prestar todo o apoio possível na busca das melhores soluções”.
Em comunicado, a Câmara de Silves informa que indagou a empresa a possibilitar a transferência dos trabalhadores para a unidade de Silves e a atribuir compensações em dobro do valor previsto por lei, nos casos de cessação laboral. Além disso, a autarquia afirma que as casas de função manter-se-ão disponibilizadas aos trabalhadores e familiares que lá residam, até que sejam encontradas “outras e melhores soluções que satisfaçam todas as partes” interessadas.
Moradores "satisfeitos"
Já o porta-voz dos moradores, que vivem na proximidade da fábrica da cortiça do Grupo Amorim, afirmou que a decisão da empresa em encerrar a fábrica não era expectável, mas “abona a favor” dos residentes.
"[Os moradores] "ficaram satisfeitos ao saberem que vai terminar o desconforto ambiental provocado pelos fumos e ruídos. Embora nunca tivéssemos pedido o encerramento da fábrica, recebemos a notícia com agrado, porque é uma decisão que abona a nosso favor", afirmou Nuno Neves, porta-voz do movimento cívico Vizinhos da Fábrica.
Lucro aumentou 2,1%
De acordo com a empresa, a transferência acontece na sequência de “importantes investimentos em novas tecnologias”, que estão em curso, tendo como objetivo o “relançamento do negócio de cortiça expandida”, que, no início deste ano, foi integrado na nova unidade de negócio Amorim Cork Solutions.
No primeiro trimestre deste ano, o lucro da Corticeira Amorim aumentou 2,1%, para 16,4 milhões de euros, face ao mesmo período de 2024, tendo as vendas recuado 2,2% para 229,4 milhões de euros.