Criadores de gado reivindicam declaração de seca nos concelhos do Planalto Mirandês
Os produtores de gado do Planalto Mirandês reivindicam ao Ministério da Agricultura o alargamento da declaração da situação de seca aos concelhos mais afetados de Trás-os-Montes e Alto Douro, tal como já sucedeu noutras regiões do sul do país.
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"Isso permitiria mitigar ou aliviar a situação dramática que os agricultores enfrentam devido à seca, uma vez que há dificuldades em comprarem alimento em Espanha, onde também escasseia. Muitos podem desistir da atividade e vender os animais", explicou Vítor Rodrigues, em representação da Confederação dos Agricultores Portugueses (CNA).
A declaração de seca significa a possibilidade de pedir ajudas extraordinárias para mitigar as dificuldades junto da Comissão Europeia e de usar um conjunto de medidas para minimizar as dificuldades. "Os agricultores podem seguir um conjunto de regras, como o encabeçamento e a autorização para apascentarem os animais em terrenos em pousio. Isto alivia um pouco a dificuldade de gerir a situação", enumerou Vítor Rodrigues.
Este é o segundo ano que esta zona enfrenta uma seca grave e severa, que se reflete nos lameiros e nas searas, e que deixou os produtores de gado sem reservas para todo o ano de 2023.
"Embora a seca não seja tão severa como nos concelhos do sul, já sofrem as suas consequências, visíveis no teor muito baixo de água no solo, o que provoca um conjunto de consequências visíveis e irreversíveis, como a falta de pasto e a falta de crescimento das forragens, que têm se ser cortadas com a antecedência de um mês relativamente ao período normal de colheita", referiu o representante da CNA.
A situação é ainda mais preocupante porque os agricultores não têm reservas para a alimentação do gado, por ser o segundo ano de seca consecutiva. "Há falta de pasto e de forragens, que estão quase a acabar", acrescentou o porta-voz da CNA.
Fernando Pimentel, produtor de 160 ovinos em Mogadouro, só tem alimento para 60 dias. "Só tenho 15 fardos no armazém. Não sei o que fazer, não sei como alimentar os animais. Não sei se hei-de vender as vacas ou abrir-lhe a porta", lamentou o agricultor.