Títulos de residência foram entregues, ontem, segunda-feira, a quase 90 crianças imigrantes que vivem e estudam no concelho do Seixal, cuja população conta com 20% de estrangeiros. Os novos documentos vão facilitar o acesso à saúde e as férias no país de origem.
Corpo do artigo
"Para a gente ter um médico de família era necessária a documentação. Eu ia trazer tudo do Brasil, mas com o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) não foi preciso. Agora fica tudo mais fácil", enaltece Neuzi Nete, de 36 anos, salientando que o documento entregue à filha de 6 anos "foi um presente".
A brasileira Neuza Santos, de 45 anos, destaca também a importância da atribuição do título de residência à filha de 10 anos. "Ela agora vai ter todos os direitos. É andar de cabeça erguida e se precisarmos de viajar é só apresentar o documento", realça.
As férias ao Brasil ficam igualmente facilitadas para a família de Teresa Aquino, de 32 anos, que apesar de residir há 11 anos em Portugal ainda não tinha conseguido título de residência para o filho de 14 anos. "Para ir e voltar, a gente já não vai ter problemas. Assim fica legal cá, o que também é importante", reforça.
Os documentos de legalização foram entregues directamente às crianças numa cerimónia que decorreu no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal, no âmbito do programa "O SEF vai à Escola", que conta com o apoio dos ministérios da Administração Interna e da Educação.
O objectivo principal é promover a integração social. "Dá às crianças de outras nacionalidades a oportunidade de ter os mesmos direitos das crianças portuguesas", salientou a representante dos alunos, Keneffer Karen Rodrigues, agradecendo a renovação do seu título de residência.
"Para nós, não há crianças ilegais. São cidadãos, são seres humanos e por isso têm todos os direitos. Só faltava um cartão que vos permite a integração", adiantou a secretária de Estado da Administração Interna, Dalila Araújo, lembrando que o concelho do Seixal tem 11153 dos 47 mil cidadãos estrangeiros legalizados na Península de Setúbal, uma região que acolhe 10% dos imigrantes residentes em território nacional.
"Esta é uma janela que se abre para a integração social de pessoas que queremos acolher como cidadãos de corpo inteiro", afirmou o presidente da Câmara do Seixal, Alfredo Monteiro, referindo que o espaço de cidadania local, o primeiro a ser criado em Portugal, contabilizou 16 mil atendimentos em 2009.