S. João menino e o seu carneiro cativam os olhos de quem, vindo de Gaia pela ponte do Infante, entra no Porto e sobe a Rua das Fontainhas. Mais à frente, na Praça da Alegria, são só os carneiros a enfeitar a rua que vai desaguar ao local mais típico da festa e onde quase todas as pernas caminharão no dia 23, véspera de feriado, a noite sem sono: Fontainhas, freguesia do Bonfim, junto ao rio.
Corpo do artigo
Já houve, há dias, cheiro a sardinha e bailarico. Entenderam a Junta e uma associação local festejar o Santo António, mais dado a ares lisboetas, quiçá para tentar fazer apuro aos comerciantes que se queixam, "mais do que nunca", que a festa "está a ser morta" e que "o dinheiro está curto". Foi no recreio da escola primária que tem o nome do lugar, Praça da Alegria, onde arrastar os pés ao som de música dos "Olhos d'Água" é já tradição. Voltará a haver baile, não hoje como se esperava, mas na sexta-feira, véspera do foguetório que unirá as margens e iluminará os sonhos de quem defende a fusão de Porto e de Gaia
O palco já lá está, bem como alguns enfeites com balões em janelas. Como estava, ontem, a família Carreira, com Júlio, Abel e Aida à volta de cabazes de peixe, esperando encomendas que, este ano, são "coisa pouca". Cinco euros por um quilo de sardinhas, 10 em média, dá 50 cêntimos cada. Mas daqui a nove dias, já se sabe, quando a sardinha estiver assada e em cima de côdea custará três vezes mais. Na Papelaria Alegria, Angelina Navarro tem uma arca cheia de cervejas e de refrigerantes para molhar gargantas secas pelo pó das ruas. Junta a festa ao negócio, embora este "seja o S. João mais magrinho de sempre".
Sardinhas a um euros até à festa
No "coração" do S. João já cheira a sardinha assada. Para já, cada sardinha custa um euro. Mas na noite mais longa do Porto podem chegar a 1,50 euros, estimam Francisco Alves e Joaquina Magalhães, do restaurante Lavrador, que já vendem nas Fontainhas há 25 anos. É que o cabaz já vai a 100 euros e a sardinha é pouca.
Manjericos em saldo
Manjericos que, no ano passado, custavam seis euros, custam agora cinco. É assim que se tenta atrair mais clientes em época de crise, nas praças da República, na banca de Margarida dos Anjos, e da Batalha, onde os vasos são entre três e dez euros. O alho-porro custa cinco euros, menos dois que no ano passado. Já os martelinhos ficam por três euros, menos 50 cêntimos e há uma novidade: os martelinhos-bebé.
Bailarico em Miragaia
Zé Dantas só se fixou em Miragaia há um ano mas não quer passar ao lado da festa. Montou um palco e dá música gratuita a quem queira manter a tradição de dar um passinho de dança. Do outro lado dos arcos, o palco da Associação de Miragaia já está montado e promete só sair depois das festas de S. Pedro. Também no Dragão, a diversão está instalada.