<p>A requalificação do centro da Maia, que inclui a demolição do Bairro do Sobreiro, onde ainda moram 450 famílias, foi adiada. Os espanhóis da MRA abandonaram a sociedade de reabilitação urbana Parque Maior e o projecto está, agora, nas mãos da Autarquia. </p>
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"O projecto é para manter. Mas, devido à crise, vai ser dilatado no tempo. Já não será executado nos 15 anos que tínhamos previsto", salvaguardou o presidente da Câmara Municipal da Maia, Bragança Fernandes. A extinção do protocolo com a MRA foi aprovada, por unanimidade, pelo Executivo maiato. A crise ditou o afastamento do grupo espanhol, que em finais de 2007 foi apresentado como o principal trunfo na transformação do centro da cidade.
Previa-se um investimento de 250 milhões de euros, a criação de uma zona verde com 73 mil hectares (o equivalente a sete campos de futebol), a construção de 1300 casas, 31 mil metros quadrados para o sector terciário e 34 210 metros quadrados para equipamentos sociais. A ambição esfumou-se e terá de ser obrigatoriamente faseada. E bastante mais lenta.
Quatro torres mantêm-se
Por agora vai tentar-se prosseguir com o realojamento de famílias que moram nos blocos mais baixos do Sobreiro. À medida que forem ficando vazios, serão demolidos. As quatro torres vão manter-se e até será lançado um concurso para a sua reabilitação. Só daqui a muitos anos é que também serão demolidas.
A construção do Centro Comunitário, incluída na designada Praça do Oxigénio (no gaveto das ruas do Eng. Duarte Pacheco e de Altino Coelho), também deverá avançar a breve prazo.
O processo passa a ser gerido exclusivamente pela Espaço Municipal, que vai procurar recorrer a fundos do Prohabita e do Quadro de Referência e Estratégico Nacional (QREN). Com a empresa municipal ao leme, e atendendo, também, à crise generalizada, a concretização do projecto no terreno vai ser mais demorada.
Foi a crise imobiliária que determinou a saída do grupo espanhol da empresa de capitais mistos Parque Maior, cujos estatutos até permitiam avançar com obras de requalificação urbana em todo o concelho da Maia. Bragança Fernandes garantiu que foi ele próprio quem, vendo que o projecto não atava nem desatava, tomou a iniciativa de chamar os responsáveis da MRA para procurar uma solução. Como resultado dessas conversações, o grupo espanhol endereçou uma carta à Autarquia propondo a dissolução da sociedade. Na certeza de que não poderiam levar por diante o empreendimento - afinal, até já tinha fechado duas sucursais, Baleares e Andaluzia - a MRA pediu para abandonar o projecto.
"Jogada de antecipação"
A extinção do protocolo entre a MRA e o Município foi aprovada pela Câmara. E, assim, os espanhóis partiram. Mas deixaram mais-valias no valor de um milhão de euros, com destaque para o Plano de Acção Territorial. Projectos de arquitectura, de infra-estruturas e de requalificação de arruamentos, estudos geotécnicos e a preparação da candidatura ao QREN também passaram, sem custos, para a Espaço Municipal. O património que tinha sido entregue pela Câmara e pela Espaço Municipal para realizar o capital social da Parque Maior voltou para a posse do Município.
"Foi uma jogada de antecipação. Se a MRA passasse a uma situação de insolvência, podiam vir cá penhorar-nos os bens", adiantou Bragança Fernandes.