O desafio lançado em setembro pela Cruz Vermelha da Trofa teve participantes dos cinco aos 96 anos, de norte a sul do país. As peças originais estão expostas, a partir desta segunda-feira e até ao fim do mês, no Fórum Trofa XXI. Na Alameda da Estação ficará instalada uma lona de 26 metros com os lenços impressos.
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“Mamã, como vou fazer uma coisa com erros?”. Patrícia Monteiro sossegou o pequeno Tomás, que logo entendeu que a grafia dos lenços dos namorados “é mesmo assim” e tratou de escolher a decoração e as cores para pintar. Com a ajuda da mãe, escolheu a mensagem em que os “v” são trocados por “b” e fizeram um dos 500 lenços contra a violência que a Cruz Vermelha da Trofa expõe a partir de hoje e até ao fim do mês, no Fórum Trofa XXI, no centro da cidade.
Para “surpresa” de todos, o desafio da instituição para assinalar o Dia dos Namorados não se ficou pelo concelho e “voou” por todo o país através das redes sociais: de norte a sul, chegaram à delegação da Trofa coordenada por Carla Lima cinco centenas de lenços - bordados ou pintados por participantes dos cinco aos 96 anos - com frases alusivas à data e contra a violência, para “pôr as pessoas a pensar”.
Pintados com marcadores, os lenços de Tomás Anunciação e Benedita Dias, que têm sete anos e são alunos da Escola da Feira Nova, em S. Mamede, Trofa, estão entre as peças originais expostas no Fórum e replicadas em forma de tapete impresso, com uma extensão de 26 metros, na Alameda da Estação.
Dividiram o trabalho
A “perfecionista” Cláudia Silva, arquiteta que se dedica, “por gosto, a trabalhos manuais”, multiplicou centenas de vezes o nó francês, num bordado de paciência que lhe levou “dias” a fazer, incluindo o de Natal. Tem 47 anos e ri, ao recordar: “A minha filha disse-me: ‘ó mãe, pareces uma velhinha’”.
Dois dos lenços que chegaram à Cruz Vermelha foram bordados a oito mãos, por quatro amigas do Centro Comunitário da Trofa que dividiram o trabalho. “É uma causa que nos diz muito”, apontam. Irene Pereira, que tem 76 anos e borda “muita coisa”, e Alice Maia, de 78, foram as “professoras” de Maria do Carmo e Conceição, que, sem saber, se aventuraram a bordar.
Alerta para a problemática da violência
“Temos lenços de Lisboa, Olhão, Santarém, S. João da Madeira...”, enumera Carla Lima, que, à semelhança de outros anos, lançou a iniciativa a “nível concelhio”, desafiando a comunidade a fazer “o maior lenço do Dia dos Namorados”. Anunciado em setembro, o desafio “foi partilhado” nas redes sociais, e à Cruz Vermelha da Trofa chegaram contactos de juntas de freguesia, centros de acolhimento, escolas e ATL, entre outras instituições. “Toda a gente quis contribuir, para alertar para a questão da violência, que as pessoas já vêm próxima de si”, observa Carla.