Empresas de passeios das seis pontes, entre Porto e Gaia, pararam durante a pandemia e houve dispensa de pessoal. Fala-se numa quebra de 75%, mas há esperança para 2022.
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Se 2019 foi memorável, os dois anos seguintes, marcados profundamente pela pandemia, ditaram a queda a pique no negócio dos cruzeiros das seis pontes, entre o Porto e Gaia. As empresas tiveram de parar a atividade, total ou parcialmente, e há quem fale numa "quebra na ordem dos 75%". Pelo menos uma das operadoras turísticas teve de "dispensar pessoal". Prontas para a retoma, embora dependentes da evolução do estado sanitário, olham para este ano com confiança moderada. Há quem suba a fasquia e diga que, olhando aos indicadores, as "perspetivas são as melhores".
O mais otimista é Sandro Neves, diretor-geral da Douro Azul para a área dos cruzeiros das pontes: "As reservas que vão surgindo, na parte da hotelaria e dos operadores turísticos, colocam-nos num nível similar ao de 2019. Acredito que passada esta tormenta vamos regressar à normalidade. Ressalvo, todavia, que são indicadores e não certezas. É importante que sejam retomadas as ligações aéreas regulares entre o Porto e os mercados emergentes, como são os casos dos EUA, Brasil e Ásia".
Ao redirecionar o foco para os dois últimos anos, Sandro Neves fala em "quebras consideráveis", originadas pela interrupção da atividade e pela "falta da componente dos turistas estrangeiros". Nessa travessia do deserto, assinala que "não houve despedimentos", tendo a Douro Azul "reajustado a operação". Também recorreu ao "lay-off e aos apoios à retoma". A paragem foi ainda aproveitada para proceder a "investimentos nos barcos".
"Acreditar que correrá bem"
A Tomaz do Douro, outra empresa dedicada ao circuito das pontes, contabiliza as perdas em "75%". Além da redução da procura, Célia Lima, responsável pelo marketing, fala no "encerramento em 2020, desde março até maio, assim como nos meses de novembro e dezembro". Em 2021, o fecho ocorreu entre janeiro e maio. "E quando estivemos a trabalhar, a atividade foi muito inferior em comparação com os mesmos meses dos anos anteriores", regista.
Célia Lima adianta que "não houve dispensa de trabalhadores, mas nas épocas normais de contratação não conseguimos admitir mais colaboradores, como seria expectável".
Quanto ao movimento esperado para este ano, mostra-se esperançada, mas sem euforias: "Esperamos que a situação venha a melhorar e que a retoma seja mais efetiva, ainda que não acreditemos que em 2022 se atinjam os valores faturados na pré-pandemia".
Previsão idêntica tem Alexandra Almeida, gestora da Douro Acima. "Vamos acreditar que vai correr bem", diz, com a empresa a refazer-se do último biénio de "quebra abrupta" no negócio e de uma afluência "aquém" do aguardado, nomeadamente oriunda de Espanha, que é um importante mercado. Esse decréscimo teve consequências e a Douro Acima viu-se forçada a "reduzir o número de colaboradores".
A saber
Preço de 15 euros
Fazer o passeio de barco das seis pontes, entre o Freixo e a Afurada, com partida e chegada na Ribeira (Porto), custa 15 euros. Na Douro Azul, o preço do bilhete é de 14 euros.
Dura 50 minutos
O trajeto fluvial tem uma duração média de 50 minutos. Os passageiros podem desfrutar das vistas desde as imediações da ponte do Freixo até à foz do rio Douro, na zona de fronteira com o mar.
Todos os dias
O circuito das pontes funciona todos os dias. Numa época normal, sem pandemia, os meses de arranque do ano, janeiro e fevereiro, são os que registam menor procura.