Operárias e sindicato estão em choque com despedimentos na fábrica DAT-Schaub, em Arcozelo, Gaia. Entre as trabalhadoras, cinco delas têm a intenção de levar a empresa a tribunal. Para o dia 9 está marcada uma reunião com a administração.
Corpo do artigo
Revolta e lágrimas. Este era o ambiente, esta sexta-feira, em Arcozelo, à saída do plenário que juntou as trabalhadoras da fábrica DAT-Schaub, que prepara um despedimento coletivo. Segundo o sindicato STIANOR, há intenção de despedir 125 operárias e colocar 150 em layoff, num universo de mais de 400.
"O despedimento foi como cair-nos uma bomba em cima. Até estávamos a preparar um caderno de reivindicações",dizia, atordido, José Armando Correia, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação. Isto, enquanto as funcionárias iam deixando as instalações, algumas desmanchando-se em choro, sendo logo confortadas pelas colegas.
Entre as que estão no rol das despedidas, pelo menos cinco delas estarão determinadas em "levar a empresa a tribunal", como confirmava o sindicato. "Demos sempre o litro e agora tratam-nos a pontapé. Estão a faltar ao prometido", adiantava uma das visadas, sem querer ser identificada.
Ao seu lado, uma companheira (também a optar pelo anonimato) igualmente colocada na lista e revoltada, queixava-se do comportamento da administração: "Recebi o email de madrugada. Nunca mais fui a mesma, deixou-me transtornada. Até já tive um acidente. Questionamos a administração, por email, e a resposta é sempre a mesma. Não se percebem os critérios para despedir. Cumpro os três requisitos para ficar: produção, polivalência e anos de casa".
Obras durante um ano
Além do STIANOR ter respondido às muitas questões levantadas, no plenário ficou formada uma comissão que vai reunir com um representante da administração no próximo dia 9. "Servirá para dar início aos procedimentos, designadamente falar dos valores das indemnizações, mas ao mesmo tempo tentar reverter, na medida do possível, a intenção de levar por diante o despedimento", explica José Armando Correia.
A razão invocada pela empresa para a restruturação tem a a ver com a obra a realizar, após o incêndio de julho. A empreitada vai durar um ano.
No dia 10, a CDU vai propor que a Assembleia Municipal de Gaia "delibere manifestar a solidariedade com os trabalhadores". Também irá perguntar ao presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, "que tipo de compromisso estabeleceu com a administração".