“Baião está debaixo de guerra, tal é a intensidade dos fogos que engolem tudo que encontram pela frente”, desabafa o presidente da câmara.
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O responsável pela proteção civil municipal sente a impotência dos bombeiros, agravada com a ausência de meios aéreos para combater os dois incêndios que lavram “com frentes de vários quilómetros”.
“Ao longo do dia tenho estado em contacto permanente com as diferentes autoridades, percebo as dificuldades de mobilização de meios, mas meios aéreos só muito pontualmente e agora [19.10 horas] não há nenhum”, revelou Paulo Pereira.
A área já consumida pelas chamas é de várias centenas de hectares, abrangendo uma mão cheia de freguesias, de um concelho que ostentava o orgulho de ser o mais verde do distrito do Porto.
Os danos são incalculáveis. Por exemplo, “há pouco soube-se” que uma viatura dos Bombeiros de Santa Marinha ardeu. Uma empresa de construção civil perdeu as instalações, veículos e todo o material que guardava. Há várias casas queimadas, suspeitando-se que algumas serão de primeira habitação.
“A situação é volátil. Neste momento o fogo está descontrolado. Em articulação com os presidentes de junta temos evacuado as pessoas das suas casas. A maioria acata a decisão mas há sempre quem tente resistir à retirada para lugar seguro deixando para trás os seus haveres”.
O fogo começou a meio da manhã em Gôve, galgou pelo Grilo, Ancede e já terá chegado a Santa Cruz do Douro. “O lume desenvolve-se com uma intensidade que os bombeiros juram que nunca viram nada assim”, revela o edil baionense. É uma tragédia, é uma catástrofe nunca vista por estas paragens”, afirma o autarca.
A noite adivinha-se problemática, até porque iniciou um segundo fogo, no lado oposto do concelho, na Serra da Aboboreira, zona que recentemente foi classificada como Paisagem Protegida. “Se o fogo é de origem criminosa, o que lhe posso dizer é que aquilo que está a acontecer no país não será por acaso”.
No resto da região do Tâmega e Sousa, têm estado ativos nas últimas horas vários incêndios de menor dimensão, nomeadamente em Amarante, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Penafiel, e Felgueiras.