Inicia-se na segunda-feira, dia 23, o processo de demolição da Petrogal, em Leça da Palmeira, Matosinhos. O desmantelamento vai iniciar-se pelos tanques de combustível. O anúncio foi feito pela Galp, internamente, nesta manhã de quarta-feira, e comunicado à imprensa ao início da tarde.
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Com um fim anunciado em dezembro de 2020, os trabalhos de demolição da refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos, arrancam na próxima segunda-feira, dia 23. De acordo com a Galp, esta fase inicial da demolição do complexo deverá prolongar-se por dois anos e meio e será "a fase mais visível" do processo. Quando estiver concluído o desmantelamento, segue-se "a fase de reabilitação ambiental dos solos".
"Para a preparação para o arranque dos trabalhos de demolição, foram efetuados contactos e reuniões com todos os stakeholders direta e indiretamente impactados ou envolvidos neste projeto, como o Governo, Município de Matosinhos, entidades reguladoras e licenciadoras, Proteção Civil e autoridades locais, bem como moradores e associações comerciais da zona envolvente à refinaria", adianta a Galp. Um desses encontros realizou-se, precisamente, nesta manhã de quarta-feira, nas instalações da refinaria de Matosinhos.
A empresa sublinha que "foram apresentadas as linhas gerais do projeto de demolição e respetivo calendário, bem como as medidas que a empresa vai implementar para monitorizar, controlar e mitigar possíveis constrangimentos pontuais que possam ser suscitados na sequência dos trabalhos em curso".
Nova etapa é "imprescindível"
Para a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, "esta nova etapa do processo revela-se imprescindível" para que seja "possível avançar com a mitigação do impacto ambiental" da Petrogal. A autarca recorda, contudo, que este é mais um passo de um "processo longo e complexo", e que "vai demorar até ser possível vislumbrar o que será o futuro daquela localização".
"Mas é um processo que deve ser bem trabalhado ao nível do planeamento, para que o que nascer nas próximas décadas ofereça qualidade de vida para quem cá está, mas também para quem vai passar a utilizar aquele espaço", realça, ao JN.
Está ainda marcada, também para esta quarta-feira, uma concentração em frente à Petrogal. A iniciativa é do PCP, sob o mote "O desmantelamento é um crime económico e social: a refinaria faz falta". O partido insiste na reabertura do complexo petroquímico, alertando para a "importância estratégica" do mesmo. "O país continua a precisar dos produtos que eram produzidos na refinaria e tem vindo a comprar ao estrangeiro, aumentando a dependência, mas também os custos ambientais decorrentes do processo de transporte", considera o PCP.
Recorde-se que um grupo inglês sediado no Reino Unido mostrou interesse em comprar a Petrogal com o objetivo de a reabrir e produzir biodiesel. Essa proposta não terá sido, no entanto, considerada credível pela Galp.