A demolição do Lago dos Patos, no Parque Basílio Teles, em Matosinhos, com vista à construção de um parque infantil e lazer, está a gerar contestação junto da população. A Autarquia garante que a medida foi alvo de uma consulta pública.
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A Câmara de Matosinhos está a demolir o antigo Lago dos Patos, no Parque Basílio Teles, para que seja possível construir no espaço um parque infantil e de lazer. O projeto vai custar 150 mil euros e foi alvo de uma consulta pública, com “centenas” de participações, garante a Autarquia. Mas a população diz que nada sabia e discorda da destruição de um equipamento com cerca de 60 anos.
Segundo a Autarquia, foi promovida uma consulta pública, que decorreu entre 16 de outubro de 2023 e 18 de maio de 2025, tendo contado com 285 participações. “O formulário de votação estava disponível no site oficial da autarquia e no Parque Basílio Teles foi colocada comunicação sobre a consulta pública, com imagens das três propostas, com um QR Code que remetia para o site”, informa.
Mas nas redes sociais garante-se que nada se sabia. E no Parque Basílio Teles os utentes habituais asseguram que pensavam que o antigo Lago dos Patos estava a ser requalificado. “O Lago dos Patos é mítico e com um simbolismo grande na cidade”, lê-se nas redes sociais, assim como: “Património matosinhense a ser apagado aos poucos”.
Sentado num dos muitos bancos do Parque Basílio Teles, Manuel Brandão garante que desconhecia que o Lago ia ser transformado num parque infantil. “Precisava era de ser limpo e arranjado. Agora outro parque infantil, com um mesmo ali ao lado?”, questiona. “Então não era melhor ali uns patinhos na água?”, acrescenta Fernando Oliveira. “Dava uma certa vida ao parque”, concorda Manuela Ferreira.
Ricarte Ramos Morgado é, contudo, a favor. “Tenho duas netas pequenas e aquele parque está a precisar de obras. Se vão fazer outro, melhor e sinceramente aquilo já não estava a fazer nada ali”, considera.
"Problema para a saúde pública”
A intervenção que, segundo a Câmara de Matosinhos, “visa devolver vitalidade a um dos espaços mais emblemáticos do parque, que ao longo de décadas fez parte do imaginário coletivo de várias gerações”, vai demorar três meses a estar concluída e tem um custo de 150 mil euros.
É que o lago estava a tornar-se num “problema para a saúde pública”. “A filosofia de espaço dedicado a abrigo para os patos, pombal com enquadramento numa palmeira, ao centro, com todo o romantismo associado viu-se confrontado com a realidade em que os patos outrora existentes foram perseguidos por cães, apedrejados por entretenimento e alimentados indevidamente, levando à desnutrição dos animais, agravado pela maior afluência também das gaivotas e roedores”, revela a Autarquia.
Segundo explicou, ao JN, “esse comportamento conduziu à insalubridade do próprio lago, provocando crescimento de algas e fungos que afetaram negativamente a qualidade da água, levando à propagação de doenças passíveis de afetar não só os animais”. Á conta disso, o lago já não tem patos há mais de 15 anos.
No lugar do lago vai ser construída “uma zona de permanência e de lazer”, com uma esplanada e jogos de caráter lúdico para as crianças. A proposta, que foi a vencedora da referida consulta pública, prevê ainda a instalação de mesas e cadeiras avulsas, “permitindo uma ocupação flexível e orgânica do espaço”.