A última fase da obra de instalação de ligações mecânicas na zona onde existiu o castelo de Gaia, no centro histórico, vai ser prolongada, devido à descoberta de um batistério paleocristão. O achado vai ser transferido para um local onde seja visitável, prevendo-se que a referida obra fique concluída no final de março.
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A prorrogação do prazo da empreitada por mais três meses foi um dos pontos aprovados na reunião de Câmara desta segunda-feira. Segundo a vereadora Paula Carvalhal, responsável pelo pelouro da Cultura, vai ser estudado um local para se instalar o batistério, uma vez que a preservação “in situ” não é possível, por conflituar com a obra em curso, agora na fase de instalação de um elevador.
A responsável recordou aos jornalistas um parecer da Direção Regional de Cultura do Norte, em que é sublinhada a “especial importância científica e patrimonial” do achado. “A norte do Mondego, este batistério é o primeiro do género”, refere o documento, numa alusão ao facto de até à data apenas serem conhecidas cinco estruturas do género em Portugal: duas em Mértola, duas em Idanha-a-Velha e uma em Conímbriga.
O referido parecer acrescenta que, “numa leitura mais alargada, em articulação com os vestígios identificados na Quinta de Santo António, em 2007/2008, pertencentes a um edifício de cariz religioso com uma ampla cronologia de utilização”, o batistério agora descoberto “revela um contínuo cronológico e espacial da evolução das práticas cristãs em Vila Nova de Gaia, desde o século IV (?) até ao século X (?)”.
O documento conclui que estão “esgotadas as possibilidades de se preservar in situ esta estrutura”, uma vez que a entidade responsável por aquela obra no centro histórico, a empresa municipal Gaiurb, informou, numa reunião que decorreu no início de dezembro, que, na fase em que se encontrava a empreitada, “não era viável qualquer alteração ao projeto”.
Assim, será dado seguimento à recomendação da Direção Regional de Cultura do Norte, ou seja, o “levantamento integral e cuidado da estrutura com vista a uma eventual remontagem futura, em local a definir”.
Paula Carvalhal destaca que “o achado é muito importante”, acrescentando que “os projetistas estão a fazer propostas” a fim de se encontrar um sítio onde o batistério possa ser remontado para ser visitado. Segundo informação publicada no site da Gaiurb, será num local próximo.