Desde 17 de Dezembro que 48 pessoas estão no interior da Facontrofa, em Vila Nova de Famalicão, a cumprir horário de trabalho, mas sem laborar.
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A administração da empresa quer despedi-las, mas apenas quer pagar 40% do valor total da indemnização.
Vão continuar no interior da empresa, por tempo indeterminado, as 47 mulheres e um homem que a Administração da Facontrofa, em Famalicão, quer despedir sem pagar a indemnização prevista na lei. A Administração da Facontrofa - Indústria de Confecções, reuniu anteontem, de manhã, com as operárias que estão sem trabalhar embora permaneçam no interior da empresa entre as 8 e as 17 horas.
Em causa está a cessação de contrato de trabalho, proposto pelos responsáveis do Grupo Paulo Serra e Irmãos, proprietários da Facontrofa. Alegando falta de encomendas, Luís Serra pediu às trabalhadoras que aceitassem rescindir o contrato de trabalho em troca de 40% do valor da indemnização prevista na lei.
A proposta é superior à que foi apresentada há uma semana, mas, mesmo assim, não convence as funcionárias. "As contas feitas pelo meu advogado dizem que tenho de receber 21 mil euros em direitos adquiridos, mais o salário de Dezembro e o subsídio de Natal que estão em atraso e a Facontrofa quer que me vá embora com apenas seis mil euros", disse, ao JN, Ivone Araújo. Com 41 anos, Ivone trabalha para o Grupo Paulo Serra, na freguesia de Ribeirão, em Famalicão, há 21 anos.
"Não aceitamos sair da empresa sem que sejam pagos todos os direitos adquiridos ao longo de 20 anos de trabalho", referiu Fátima Martins, outra operária que, com as colegas, passa os dias dentro de um pavilhão industrial, com máquinas, mas sem fazer "absolutamente nada". "É uma tortura psicológica ver os outros a trabalhar e nós a picar o ponto de entrada e de saída na fábrica, sem termos nada para fazer", frisou.
"O administrador pediu-nos para aceitarmos receber 40% da indemnização porque diz que não tem dinheiro para pagar mais. Se a empresa está com problemas financeiros, não fomos nós, que ganhamos o salário mínimo, que demos prejuízo á fábrica", salientou Salete Sousa.
No grupo têxtil, que tem cerca de 300 funcionários e comercializa a marca 'Cheyenne', a Administração não esteve disponível para falar com o JN. "O administrador disse-nos que se não aceitarmos a proposta de rescisão de contrato encerra a empresa e despede 300 funcionários", referiu Fátima Martins. E finalizou: "Não queremos que ninguém seja despedido. Queremos o dinheiro a que temos direito".