No primeiro trimestre, o número de casos na região subiu 82%. Maria Carneiro tem 58 anos, perdeu o emprego numa fábrica de Vizela em 2023 e nunca mais arranjou trabalho.
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Maria Carneiro tem 58 anos, 32 deles a trabalhar na Felpos Bomdia, em Vizela. Quando a empresa faliu no ano passado, ficou desempregada numa idade em que era “demasiado velha para arranjar emprego e muito nova para ir para a reforma”. E histórias como a de Maria repetem-se no Norte. Os processos de despedimento coletivo dispararam, com especial incidência nos concelhos industrializados da região. Entre janeiro e março deste ano, o número de trabalhadores em risco de despedimento coletivo no Norte aumentou 82% face ao período homólogo de 2023 e já tinha crescido quase 200% entre outubro e dezembro do ano transato, face ao quarto trimestre de 2022, segundo os dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
“Quem é que me vai querer com esta idade?”, questiona Maria Carneiro, quase um ano depois da fábrica onde trabalhou nas últimas três décadas ter fechado portas, mandando para o desemprego cerca de cem trabalhadores. “Eu até gostava de trabalhar, embora a saúde já não seja a mesma. Na empresa onde estava, era mais fácil, porque já conhecia as rotinas. Ir para uma nova e ter que aprender tudo de novo, nesta idade, é muito complicado”, reconhece. O salário permitiu-lhe criar dois filhos e tomar conta do marido, precocemente reformado por invalidez. “Agora, aguento-me com os 500 euros do desemprego.”