<p>Com o conta-quilómetros parado acima dos 170 e o piso escorregadio devido à chuva intensa, as causas do despiste que matou dois jovens amigos, de 24 e 28 anos, ontem, em Tavira, não deixam dúvidas às autoridades. O carro ficou irreconhecível.</p>
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Nuno Rodrigues conduzia um Mercedes SLK na estrada Nacional 125, entre as freguesias da Conceição e Tavira, no sentido Vila Real de Santo António/Faro. Depois de uma curva a poucos metros da ponte do Almargem, o mais velho dos amigos não conseguiu controlar o veículo e despistou-se. Saiu da estrada, galgou a barreira de protecção e capotou, só parando numa ravina e depois de partir os troncos de duas árvores de grande porte. Ao seu lado seguia o amigo e colega de trabalho, Cláudio Martins. Os dois únicos ocupantes do veículo terão tido morte imediata.
O carro de alta cilindrada ficou completamente destruído. "Entalado" nas árvores numa ravina vários metros abaixo da estrada, só foi encontrado por um popular que passava na berma por volta das 7 da manhã, mas todos os indícios apontam para que o acidente tenha ocorrido de madrugada. Ao que o JN apurou, o médico que confirmou os óbitos no local acredita que os corpos já ali estavam há pelo menos três horas.
"A estrada até é bastante movimentada, mas não tem iluminação pública. Como o carro estava na ravina não era possível vê-lo", disse, ao JN, António Ventura. O homem conhecia bem as duas vítimas sobre as quais não podia ter melhor opinião. "Eram muito trabalhadores. Não eram de se meter nos copos nem em confusões", acrescentou, lamentando a tragédia, que deixou amigos e familiares em estado de choque.
Mercedes era para vender
Ontem foram muitos os que se deslocaram ao local do acidente para chorar a morte dos dois colegas. Gilberto Gonçalo, cunhado de Nuno Rodrigues, garante que "não costumava conduzir depressa. Era pacato, trabalhador e só saía de casa de vez em quando para tomar café".
Nuno já tinha anunciado a intenção de vender o SLK, que possuía há menos de um ano. O jovem tem outro carro, um Honda Civic. Cláudio Martins deixa uma filha de apenas cinco anos, entregue aos cuidados da mãe, de quem está separado. As vítimas eram electricistas de automóveis e trabalhavam juntos numa oficina de Tavira. De acordo com familiares, regressavam a casa - moravam ambos no concelho de Tavira - depois de terem estado a divertir-se num baile.
Segundo fonte do Destacamento de Trânsito da GNR de Faro, o excesso de velocidade, aliado ao piso molhado, mas também ao mau estado dos pneus da viatura, são as causas prováveis do despiste. Suspeitas que só poderão ser confirmadas no decorrer da investigação e que são sustentadas pelos indícios recolhidos até ao momento. Na estrada não havia marcas de travagem e o conta-quilómetros da viatura estava com o ponteiro parado acima dos 170 num troço onde a velocidade máxima permitida é de 90 quilómetros por hora.
Dados que o JN pôde constatar no local.