Os Bombeiros de Oliveira de Frades foram chamados, no sábado, para acudir às vítimas do despiste de um carro no centro da vila.
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Quando chegaram ao local, depararam-se com três crianças sozinhas. O pai e condutor tinha desaparecido sem deixar rasto.
O insólito da situação gerou estupefacção na população e nos próprios bombeiros que acorreram ao acidente. "Nem sabíamos o que pensar. Num primeiro momento, pôs-se a hipótese de algum dos três miúdos ter roubado o carro e originado o despiste e a queda de um muro com quase dois metros de altura. Outra hipótese, era estarem à espera de alguém e o carro ter-se destravado", reconheceu, ao JN, Fernando Farreca, comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades (BVOF).
Afinal, nenhuma daquelas hipóteses estava certa. O que aconteceu, de facto, é que o condutor e pai dos três menores de cinco, nove e 11 anos abandonou o local pelo seu próprio pé depois de também ele ter sido resgatado do interior do veículo por um morador.
"Ouvi uma gritaria e fui ver o que se passava. Como havia pessoas dentro do carro, acabei por partir o pára-brisas e retirei o pai e as três crianças cá para fora. Quando dei conta, já o homem tinha desaparecido na confusão", testemunha António Almeida.
Chegados pouco tempo depois ao local, os bombeiros já não viram o pai e cuidaram de transportar os três miúdos ao centro de saúde. "Tinham todos pequenas escoriações. Mas, por precaução, dois deles foram transferidos para o Hospital de S. Teotónio em Viseu".
"Era uma dor de alma ver aqueles dois rapazes e uma menina de cinco anos a gritar e a chorar pela família. Estavam feridos e muito assustados. Sobretudo, porque havia muita gente ao redor deles e, do pai, nem sinal", critica Maria da Piedade, uma das primeiras moradoras a chegar ao local do acidente cerca das 17,30 horas de sábado.
Alvo de fortes críticas de populares, que suspeitam que tenha desaparecido para evitar fazer um teste de alcoolemia, João Paulo Ferreira Tavares defende-se: "Não abandonei os meus filhos. Nunca o faria por motivo algum. Só saí dali porque o meu telemóvel ficou partido e tinha de ir chamar a minha irmã para nos vir ajudar", explicou, ontem, ao JN.
Alegando ter ficado "transtornado", o homem, de 26 anos, diz que não se lembra de mais nada.
No domingo, às 9 horas, a GNR bateu-lhe à porta. "Expliquei o que se passou. Tenho a consciência em paz", diz, rodeado por Filipe e Zé, os filhos de 9 e 11 anos. Quanto a Mariana, de apenas cinco, está à guarda da irmã. O caso seguiu para tribunal.