Um homem e uma mulher com cerca de 50 anos morreram, ontem à tarde, quando a carrinha em que seguiam foi colhida por uma automotora da Linha do Oeste. Desde Janeiro foi o 22.º acidente e a sexta e sétima vítimas mortais em passagens-de-nível.
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Se em 2009 se registaram 17 mortos em 38 acidentes em passagens de nível, este ano já são sete o número de vítimas mortais.
Ontem, a tragédia aconteceu na Linha do Oeste. Pouco minutos após as 15 horas, um casal que circulava numa carrinha Toyota Hiace foi atingido por uma automotora numa passagem-de-nível sinalizada - mas sem guarda - na localidade de Carrasqueira, próximo da Malveira, em Mafra.
As circunstâncias do acidente ainda estão por confirmar mas tudo indica que o condutor da carrinha não terá respeitado o sinais sonoros e luminosos, tendo tentado atravessado a linha em diagonal, contornando as cancelas. O choque terá sido violento e a carrinha foi mesmo arrastada pela automotora mais de 100 metros. Os ocupantes tiveram morte imediata.
Momentos depois, no local do acidente, alguns moradores da zona mostraram-se convencidos que o acidente se deveu ao desrespeito da sinalização, algo que, frisaram, ali acontece amiúde, apesar de só ontem se ter registado um desfecho trágico.
"Foi o primeiro mas não há-de ser o último", comentou um morador que preferiu não ser identificado. A seu lado, um vizinho corroborava abanando a cabeça em movimentos afirmativos e lembrava que situações de condutores de carros a desrespeitarem a sinalização naquela passagem- de-nível "acontecem todos os dias".
À partida, ninguém testemunhou o acidente para além, claro, do maquinista da automotora que ficou muito abalado e optou por não falar com o JN. Apenas uma mulher que habita na zona, mas que preferiu o anonimato, contou que ouviu um estrondo "quase como se fosse um tiro" mas que não se recorda, sequer, de ter ouvido qualquer buzina da automotora.
Tudo indica que o maquinista só se apercebeu da presença da carrinha na linha muito próximo do local do embate, porque a visibilidade é dificultada por uma curva. Fonte da Refer disse ao JN que a velocidade normal de uma automotora naquela zona rondará os 90 quilómetros por hora.
A automotora tinha partido das Caldas da Rainha com destino a Lisboa. A circulação esteve suspensa até à retirada a viatura da linha, o que aconteceu pouco depois das 19 horas.