Serafim Barroso Pereira, 54 anos, divorciado, está desde as 21 horas de anteontem em greve de fome, à porta da sucursal de Cabeceiras de Basto da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo. Reclama "compreensão e boa vontade" para resolver um imbróglio que se arrasta há anos e que parece ter culminado na tarde de sexta-feira.
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Há cerca de 20 anos, Serafim pediu um empréstimo à Caixa Agrícola de 38 mil contos (190 mil euros) para reformular a casa que herdou no lugar de Eiró, freguesia de Riodouro. "O objetivo era criar uma casa de agroturismo e uma marca de vinho, mas não tive condições para trabalhar a 100% e fui andando como pude", explica. No ano 2000 assume que começou a falhar o pagamento das prestações e a Caixa Agrícola colocou-o em tribunal. "Depois, foi uma bola de neve que nunca mais parou", desabafa. Em 2008, teve uma ação de despejo para ele e para a mãe, embora tivesse continuado a usar a casa, a vinha e os terrenos para a criação de gado. "Fiz isso indevidamente, fui processado e condenado a uma pena de 1750 euros de multa, em maio passado".
Como acha que o artigo do terreno penhorado não atingia os anexos da casa - embora legalmente estejam na posse da entidade bancária -, Serafim estava, até anteontem, a viver num desses anexos. "Artigos que valiam mil euros rapidamente ficaram a valer 4 e 5 mil, foram sobreavaliados e inacessíveis para mim", criticou Serafim, funcionário de uma empresa municipal, que tentava negociar a casa com ajuda de um advogado.
"A casa foi despejada. Os meus bens foram retirados e fiquei com a roupa do corpo", diz. Até à abertura da agência, amanhã às 8.30 horas, Serafim fica à porta, em greve de fome. Não foi possível ouvir a reação do banco.