Está tudo pronto para a festa que enche o Porto. Comerciantes com expectativas elevadas: "Vale dois meses de trabalho".
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Está tudo a postos para o São João. Os preparativos finais estão alinhados e a expectativa entre os comerciantes de locais emblemáticos de celebração, no Porto, também é grande. Fontainhas, Ribeira e Miragaia terão concertos, bailaricos, música popular e foguetes, enquanto as sardinhas e as fêveras são obrigatórias no menu.
No entanto, se a maior parte da população vê este dia como uma grande festa, há quem enfrente uma das noites de trabalho mais intenso, com um impacto forte nas receitas anuais. O aumento dos preços dos fornecedores reduz a margem de lucro dos comerciantes, que procuram um equilíbrio perfeito nas vendas para evitar a perda de clientes.
Em Miragaia, a parafernália são-joanina já tomou conta das ruas há alguns dias. Balões, grelhadores à porta dos estabelecimentos e palcos montados são indícios do que ali se vai passar. E o entusiasmo da população também denota o clima de festa que já se faz sentir.
"Venham eles"
Vanessa Campos, dona do restaurante Sobre o Rio, já tem tudo pronto para as festividades, prevendo muitas horas de serviço. "É a melhor noite do ano. Vale dois meses de trabalho e até devia haver S. João três vezes por ano, que nós não nos importávamos. Ainda assim, vai ser duro porque vamos começar a preparar tudo de manhã e esperam-nos muitas horas pela frente", partilhou Vanessa, mostrando-se pronta para a maratona. "Venham eles", atirou, entre sorrisos.
Quanto ao custo dos produtos, Vanessa admite que tem subido "de ano para ano". Ainda assim, no restaurante mantém os preços de 2024 para conseguir manter os clientes fiéis, mesmo que isso envolva "ganhar um pouco menos de dinheiro".
Continuando a percurso são-joanino em direção à Ribeira do Porto, deparámo-nos com uma tradicional barraca de venda de recordações. É ali que está Rita Sousa, entre panos, miniaturas de elétricos ou até bolsas tradicionais portuguesas. É uma das responsáveis da Barraquinha da Ribeira, local onde nasceu e continua a viver. Aos 76 anos, sente que é "vendedora desde nascença" e está ansiosa pelo arranque da festa, que terá muitas marteladas à mistura. "Além destas coisas, que são mais para os turistas, durante a noite também vendemos bifanas, cerveja, martelos e tudo o que é preciso para o S. João, que é uma festa linda. Esta é a minha paixão e este é um dos eventos mais tradicionais do Porto", frisou.
Se estiver na Ribeira hoje à tarde, Rita poderá testemunhar o último cumprimento de S. João de Rui Moreira e de Eduardo Vítor Rodrigues como presidentes das câmaras do Porto e de Gaia. Ambos estão de saída, mas fazem questão de manter o ritual, marcado para as 18 horas, na Ponte Luís I. A mesma travessia que será uma das estrelas do fogo de artifício, à meia-noite.
Mas não é só à beira-rio que a festa promete ser rija. Subindo até às Fontainhas, vemos o cenário todo pronto: barracas de farturas, carrosséis e um restaurante são o suficiente para munir o espaço de tudo o que os foliões precisam durante a noite.
E se Bruno Alves, dono do Romeiro Lavrador, promete honrar a "tradição de muitos anos, que será também uma noite de prazer para todos os envolvidos", há quem espere "o fim do Mundo", mas pela positiva. É o caso de Manuel Dias, responsável pelas Farturas Nanda da Trofa, presença habitual nas Fontainhas, e que espera mais um São João de "muito trabalho". "Esta malta só pára de festejar quando os mandam embora", conta.
Transportes públicos
Está tudo pronto para mais uma noite de diversão. Agora, é hora de colocar as sardinhas na brasa, pegar nos martelos e começar a celebrar.
E nunca é demais lembrar que a melhor forma para chegar à festa, dadas as muitas restrições ao trânsito implementadas no Porto e em Gaia, são os transportes públicos. Para o efeito, a STCP e o metro preparam operações especiais, com reforço da oferta.