Porque o mau cheiro "afeta todos" e a paciência da população está "a esgotar-se", dez freguesias dos concelhos da Póvoa de Varzim, Barcelos e Esposende vão manifestar-se, no próximo sábado, dia 11, a partir das 9.30 horas, à porta do aterro de Paradela (Barcelos). Um ano depois da entrada em funcionamento da unidade da Resulima, o "pivete", queixam-se, é, cada vez mais, "insuportável".
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"Queremos a nossa terra livre desta poluição. Não estamos contra a unidade. O que pretendemos é que ela funcione sem prejudicar o ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos", explica o presidente da Junta de Laundos, Félix Marques, que, ontem à noite, reuniu com a população para dar conta dos últimos desenvolvimentos na "novela" do aterro.
A nova unidade da Resulima, situada em Paradela (Barcelos) paredes-meias com as freguesias de Laundos e Rates (Póvoa de Varzim), abriu portas em janeiro de 2022. Custou 28 milhões de euros, dos quais 19,8 milhões de fundos comunitários, e trata os lixos de seis concelhos: Esposende, Barcelos, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Viana do Castelo e Arcos de Valdevez.
Os problemas não tardaram com os maus cheiros, diários, a sentirem-se a vários quilómetros de distância.
As queixas multiplicaram-se. Quem vive na Póvoa lembrava a Lipor que, com duas unidades, trata os lixos de oito concelhos e nunca motivou semelhantes queixas de quem vive nas redondezas.
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Agência Portuguesa do Ambiente fizeram uma vistoria ao aterro. Deram à Resulima 180 dias para resolver o problema. Agora, o mau cheiro continua e, no local, não deixa margem para dúvidas, mas a CCDR-N diz estarem "reunidas as condições" para licenciar a unidade e a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) alega que "não há lei de odores" e nada mais pode fazer.
A Câmara da Póvoa prepara-se para levar o caso a tribunal. A Junta de Laundos já denunciou a situação à Comissão Europeia, que investiu 19 milhões numa unidade que "não cumpre os requisitos a que se propôs".
Agora, as freguesias afetadas decidiram juntar-se na luta e Apúlia e Fão (Esposende), Rates, Laundos, Aguçadoura, Navais e Estela (Póvoa de Varzim) e Cristelo, Barqueiros e Vila Seca (Barcelos) vão manifestar-se à porta da unidade, esperando que o seu grito em uníssono chegue às autoridades competentes.
"Só vamos parar quando o fedor desaparecer", garantem.